sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Os Ruschel - 01

OS RUSCHEL

PASSADO E DESCENDÊNCIA
COLETÂNEA


LEANDRO LAMPERT


Maio de 2015

                                   SUMÁRIO
                      INTRODUÇÃO …………………..………….         4
                        FAMÍLIA DE SEBASTIAN RUSCHEL …….      5
                      OS ESTADOS TEUTÔNICOS ……...…   …..      10
                        RAZÕES DA IMIGRAÇÃO ALEMÃ .……….     11
                         A CANÇÃO DO IMIGRANTE ……………….    21
                        O CAPITÃO MIGUEL ………………………..…  24
                         RUSCHEL IRMÃOS EM MUÇUM …………..  32
                         JOHANN RUSCHEL …………….……….…… 33
                        CARTA AOS RUSCHELINOS …………...…… 36
                        MAIS HISTÓRIAS RUSCHELINAS ……….…  37
                         DESCENDANTS OF IDA - 7 GERAÇÕES …  39
                      ANCESTORS OF FLÁVIA RUSCHEL .…….     50
                         BRASÃO RUSCHEl COLORIDO ..……………           51
                         HISTÓRIA DO NOME RUSCHEL ………….    52                  
                         FAMÍLIAS DIEHL ………………………..……   53
                         ORIGEM DO SOBRENOME DIEHL ……….    58

                                                  INTRODUÇÃO
Escrever sobre nossos antepassados é tarefa agradável, porém delicada e trabalhosa. Retornamos a um passado distante e já esquecido. Decidimos abrir o baú dos tempos que já passaram, procurar e encontrar como viveu nossa gente. Nossa curiosidade principal é para saber como eram, onde moravam e a decisão terrível de deixar a pátria. Não deve ter sido fácil. A decisão de emigrar estava relacionada com a miséria alimentar. Famílias enormes, pouca terra e esta ainda, praticamente já sem fertilidade. Aprendemos muito e desejamos compartilhar com os demais parentes Ruschel o conhecimento das nossas descobertas, considerações e resultados. Estamos sujeitos a erros, face às dificuldades, por eventuais imprecisões dos cartórios e paróquias ou por nossa própria incompetência Bem no fundo, queremos mesmo é exibir nosso orgulho em também ser um RUSCHEL. Para amar é preciso conhecer.
       Serão bem-vindas as informações sobre lacunas, contradições e erros que forem encontrados, assim como novas contribuições para aperfeiçoar e completar este trabalho. Não criamos nada, apenas pusemos ordem e cronologia nas informações esparsas que coletamos e fizemos deduções lógicas que permitem transmitir uma visão da vida dos que nos antecederam na família Ruschel.
       A emigração para o Brasil foi um gesto de desespero, coragem e otimismo no futuro. Não tinha mais volta. A pátria, as aldeias, os familiares que permaneceram, foram vistos pela última vez na vida. Dalí em diante seria tudo novidade. A fé na sua capacidade de trabalho, perseverança e economia, levaria fatalmente à obtenção de progresso, solidez econômica e um adeus às vicissitudes e fome sofridas na pátria de origem.
       Acreditamos que, possivelmente, nossa geração seja a última com memória, disposição e material genealógico que permita a transmissão de dados familiares exatos, antes que se percam para sempre. É agora ou nunca mais.
       Este é o principal objetivo do nosso esforço.
       Agradecemos aos que nos incentivaram e auxiliaram e a todos os novos colaboradores.
                                               Porto Alegre, julho de 2008.
                                                      Leandro Lampert
Geraldo Ruschel


FAMÍLIA DE SEBASTIAN RUSCHEL
NA EUROPA
       Os Ruschel são originários da região do Saar-Hunsrück, sudoeste da Alemanha, próxima à França, entre as cidades de Trier e Saarbrücken.
       O casal Sebastian Ruschel e Anna Maria Mayer com oito filhos partiu do porto de Bremen com destino ao Brasil. Chegaram em Porto Alegre em 17 de outubro de 1846. Vieram pelo brigue Hanseat. Encontramos os registros de entrada no Brasil no Arquivo Público, no livro C332, anotados com idades próximas à realidade. Tudo era mais ou menos. Posteriormente encontramos as datas de nascimento verdadeiras.
       A localização geográfica da vila de origem, Mühlfeld, foi prejudicada por tradição oral equivocada, que desviou a busca para outra região. A informação era que Sebastian morava junto ao Mosela, nos encaminhou para buscas entre o norte e o sul de Trier, às margens do rio. Nunca encontramos Mülhfeld. Ao norte de Trier, encontramos Mülheim, e ao sul Mettlach, que ainda mais nos confundiram.
       Imaginávamos que Mülhfeld não poderia estar muito longe de Trier e que a distância permitisse, talvez, a ida e volta no mesmo dia ou, no máximo, retorno no dia seguinte. Esta observação revelou-se acertada e a distância real  é  de 34 km.
       As buscas continuaram e lentamente foram aparecendo mais nomes: Scheuern, onde nasceu e morava Sebastian, perto de Mühlfeld, residência de Anna Maria; Mettnich, local de passagem da carruagem de passageiros; Otzenhausen, onde o casal contraiu matrimônio. Mesmo assim não localizamos a região nos mapas analíticos que dispúnhamos. As localidades deveriam ser próximas umas das outras, pois os jovens não tinham como procurar seus amores em lugares distantes por falta de condições de transporte. Mais tarde localizamos onde residiam os avós maternos da noiva, Marpingen. Só então tudo se esclareceu. Nos lembramos que em nossas pesquisas havíamos localizado um Lampert que casara com noiva residente em Marpingen e todas essas localidades deveriam estar próximas umas das outras. Assim era. Procuradas em outra posição dos mapas, localizamos todas as vilas de origem dos Ruschel. Eram aldeias muito pequenas, insignificantes e em região desolada. Não constavam em mapas convencionais. Xerox de mapa está anexo, com círculos demarcando os locais de interesse.
       Um exame no mapa nos permite ver que a região era de pequenas elevações, pois era divisor de águas. Os rios Glan e Nahe seguem em direção norte até o Reno. O rio Prims, perto de Mühlfeld e Mettnich, corre para o sudoeste até alcançar o Saar, que deságua no Mosela, assim como o rio Blies corre para sudeste até também alcançar o Saar mais acima. Mais ou menos, a região fica no terço inferior entre Trier e Saarbrücken. As terras de encosta, prováveis minifúndios, deveriam estar erodidas e esgotadas, obrigando os agricultores a emigrar como única forma de manter a sobrevivência e proporcionar um futuro para os filhos. Pelo mapa, também verificamos que a quantidade de aldeias era menor que em regiões próximas, o que traduz, em nosso entender, que a terra de lavoura não suportava mais habitantes.
       Sebastian Ruschel, nasceu em Scheuern em 7 de maio de 1809, casou em 2 de janeiro de 1833 em Otzenhausen, 9 km ao norte de Mühlfeld. Faleceu em 22 de novembro de 1882 em Feliz – RS.
       Anna Maria Mayer nasceu em 30 de março de 1808 em Mühlfeld, 4 km ao norte de Scheuern. Há controvérsia em relação ao ano de seu nascimento. A tradição oral informa que ela aumentou sua idade, voluntariamente, no ato de casamento. Faleceu em 1º de Agosto de 1888 em Estrela – RS.
       Ele mantinha um serviço de transporte de passageiros por carruagem em Mühlfeld, Mettnich, 2 km ao norte, e Trier, mais de 32 km a noroeste.
       A tradição oral que tínhamos era que Mühlfeld se situava nas margens do rio Mosela, advindo daí a inclinação de Mathias Ruschel S° pela navegação fluvial, foi informação fantasiosa. A rota de transporte rodoviário era a sudeste de Trier, portanto, quase perpendicular ao Mosela.
       Estão demarcadas no mapa anexo Trier, Otzenhausen, Mettnich, Mühlfeld, Scheuern e Marpingen.
       Trier, cidade-fortaleza romana foi construída por Júlio Cesar (Tréveris) é a capital da região. Mantivemos contato epistolar com os arquivos católicos da cidade. (Bischöpfliches Generalvikariat)
       Otzenhausen, sede do cartório onde o casal contraiu matrimônio.
       Mettnich, junto ao riacho Prims.
       Mühlfeld, moradia de Anna Maria Mayer, onde o casal passou a residir.
       Scheuern, residência de Sebastian Ruschel até o casamento.
       Marpingen, localidade onde moravam os pais dos sogros de Sebastian.
                                                           NO BRASIL
              Encontramos no Arquivo Público o registro formal de aquisição do lote 18 de terras na Picada Dois Irmãos, então município de São Leopoldo. Cremos que Sebastian desistiu de construir ali sua residência, provavelmente, por ser região de colonização predominante evangélica. Também encontramos o registro de nova aquisição de outra colônia de terras em Picada Feliz, lote 13, do outro lado do rio Caí, não muito distante do lote anterior, mas no meio de outros moradores católicos e com o rio Caí como meio de transporte mais fácil.
       Sabemos que a colonização alemã no RS, em seus primórdios, teve grande maioria de imigrantes da confissão luterana. Após alguns anos, os católicos foram crescendo em número, até atingir quase a metade das famílias. A existência do lote 18 em Picada Dois Irmãos, colonizado em 1827 e desocupado, pode ter outra explicação. Talvez fosse um local pouco adequado à moradia e lavoura, razão talvez invocada por Sebastian para trocar de terras.
       Seus filhos, nascidos em Mühlfeld:
1)             João Nicolaus Ruschel tinha 20 anos nos registros de alfândega, (1826) mas deve ter nascido em meados de 1831, e casou em 4 de fevereiro de 1851 com Catharina Scherer, livro de casamentos 1, página 2. O casal teve 17 filhos.
2)             Michael Ruschel, nasceu em 8 de fevereiro de 1833 e faleceu em 18 de outubro de 1903 em Estrela – RS. Casou em 2 de outubro de 1855 com Anna Maria Scholer, nascida em 14 de agosto de 1832 e falecida em 20 de julgo de 1903 em Estrela – RS. O casal teve 9 filhos.
3)             Maria Ruschel nasceu em novembro de 1834 e faleceu em 1º de julho de 1890 em Picada Cará – RS. Casou em 29 de janeiro de 1856 com Pedro Nicolau Klein, nascido em 17 de agosto de 1825 e falecido em 22 de setembro de 1890 em Picada Cará – Feliz – RS. O casal teve 14 filhos.
4)             Catharina Ruschel nasceu em 12 de outubro de 1836, casou em 11 de maio de 1858 em Dois Irmãos, livro de casamentos 1, página 3 e faleceu em 27 de outubro de 1922 em Estrela. Seu esposo era Pedro Kern, já nascido no Brasil e filho de Pedro Kern e Agnes Scheiss.
5)             João Ruschel, nascido em 14 de setembro de 1838, casou em 30 de junho de 1863 em São José do Hortêncio, livro 1 e página 60. Faleceu em 11 de junho de 1925 e está sepultado no cemitério católico Santa Catarina em Feliz. Sua esposa, Anna Maria Stürmer, nascida em 11 de fevereiro de 1847 e falecida em 27 de fevereiro de 1926, sepultada no mesmo cemitério. O casal teve 13 filhos.
6)             Anna Maria Ruschel, nascida de 29 de maio de 1840. Casou em 8 de maio de 1860 em São José do Hortêncio, livro 1, página 42. Faleceu em 23 de janeiro de 1929 em Feliz. Seus esposo foi Francisco (Frederico) Stürmer e o casal teve 11 filhos.
7)             Jacob Ruschel, nascido em 29 de abril de 1844 e faleceu em 27 de abril de 1916, sepultado em São José do Hortêncio. Casou em 27 de setembro de 1866 com Anna Maria Friedrichs, nascida em 2 de fevereiro de 1844 e falecida em 16 de abril de 1922. Cemitério S. Catarina em Feliz. Ela era filha de Carlos Friedrichs e Maria Schinen. O casal teve 8 filhos.
8)             Matias Ruschel (Sênior), nascido em 19 de novembro de 1845. Casou em 26 de julho de 1870 em S. José do Hortêncio, livro 2, página 43. Faleceu em 2 de novembro de 1936 em Estrela. Sua esposa foi Catharina Schossler, falecida em 1882. Tiveram 8 filhos. Matias contraiu novo matrimônio em 16 de outubro de 1833 em Estrela, com Cristina Becker, falecida em 1897, filha de Mathias Becker e Anna Maria Wolling. Tiveram 7 filhos. Num terceiro matrimônio com Gertrudes Herrmann, falecida em 1929, não deixou descendência.
Seus filhos, nascido em Feliz – RS.
9)             Nicolau Ruschel (Sênior), nascido em 23 de outubro de 1849, casou em 7 de maio de 1872 em São José do Hortêncio, livro 2, página 59, e faleceu em 21 de setembro de 1920, em Estrela. Sua esposa Apolônia Schüssler, era filha de Nicolau Schüssler e Margarida Wagner. Tiveram 14 filhos.
10)           Peter Ruschel em 30 de julho de 1852 em Picada Feliz, (sua mãe então já tinha 44 anos de idade) casou em 7 de maio de 1874 e faleceu em 16 de junho de 1922 em Estrela. Sua esposa Luiza Heberle, nascida em 1855 e falecida em 17 de junho de 1928, sepultada em Estrela. Era filha de Pedro Heberle e de Catharina Caye, tiveram 12 filhos.



DESCENDENTES DE NICOLAUS RUSCHEL – 37
1 – NICOLAU RUSCHEL – 37(n. 1725)
Esp: CATARINA PFEIFER – 38(n. 1730)
2 – MICHAEL RUSCHEL – 20 (n. 6 set 1751, f. 6 jul 1829, Scheuern – Trier)
Esp: MARGARETH ZOBEL – 36 (n. 21 dez 1760, f. 5 jun 1803)
Esp: MARIA FALK – 21 (n. 20 dez 1772, f. mar 1927)
3 – SEBASTIAN RUSCHEL – 1 (n. 7 mai 1809, Scheuern – f. 22 nov 1882, Feliz)
Esp: ANNA MARIA MAYER – 2 (n. 30 mar 1808, Mühlfeld, f. 1 ago 1888, Estrela)
4 – JOÃO NICLOAU (KLOSS) RUSCHEL – 3 (n. 1831)
Esp: CATHARINA SCHERER – 13
4 – MICHAEL RUSCHEL – 4 (n. 6 fev 1833, f. 18 out 1903 – Estrela)
Esp: ANNA MARIA SCHOLLER – 14 (n. 14 ago 1832, f. 20 jul 1903 – Estrela)
4 – MARIA RUSCHEL – 5 (n. nov 1834, f. 1 jun 1890 – Feliz)
Esp: PEDRO NICOLAU KLEIN – 15 (n. 18 ago 1825, f. 22 set 1890)
4 – CATARINA RUSCHEL – 6 (n. 12 out 1936, f. 27 ou 1922)
Esp: PEDRO KERN – 35
4 – JOHANN RUSCHEL – 7 (n. 14 set 1838, f. 11 jun 1925)
Esp: ANNA MARIA STÜRMER – 34 (n. 11 fev 1847, f. 27 fev 1926)
4 – ANNA MARIA RUSCHEL – 8 (n. 29 mai 1840, f. 23 jan 1929 – Feliz)
Esp: FRANCISCO (FREDERICO) STÜRMER – 33
4 – JACOB RUSCHEL – 9 (n. 29 abr 1844, f. 27 abr 1916)
Esp: ANNA MARIA FRIEDRICH – 32 (n. 2 fev 1844, f. 16 abr 1922)
4 – MATHIAS (SÊNIOR) RUSCHEL- 10 (n. 19 nov 1845, f. 2 nov 1936 – Estrela)
Esp: CATHARINA SCHOSSLER – 17 (f. 1882)
Esp: CRISTINA BECKER – 18 (f. 1897)
Esp: GERTRUDES HERRMANN – 19 (f. 1929)
4 – NICOLAU (SÊNIOR) RUSCHEL – 11 (n. 23 out 1849 – Feliz, f. 21 set 1920)
Esp: APOLÔNIA SCHOSSLER – 31
4 – PETER RUSCHEL – 12 (n. 20 jul 1852 – Feliz, f. 16 jun 1922 – Estrela)
Esp: LUIZA HERBELE – 30 (n. 1855, f. jun 1928)
DESCENDENTES DE PETER JOSEF MAYER
2 – PETER JOSEF MAYER – 24 (f. 1794 – Mühlfeld)
Esp: BÁRBARA ARTZ – 25 (f. jan 1817 – Mühlfeld)
3 – PETER JOSEF MAYER – 22 (f. 21 mai 1829 – Mühlfeld)
Esp: CATHARINA THOMÉ – 23 (f. 22 abr 1816 – Mühlfeld)
4 – ANNA MARIA MAYER – 2 (n. 30 mar 1808 – Mühlfeld, f. 1 ago 1888 – Estrela)
Esp: SEBASTIAN RUSCHEL – 1 (n. 7 mai 1909 – Scheuern, f. 22 nov 1882 – Feliz)

OS ESTADOS TEUTÔNICOS
                       
Antes de Napoleão, a região de fala germânica era formada por vários eleitorados:
1 – 1 Reino da Prússia,
2 – 4 Ducados (Áustria, Saxe, Baviera e Brunswick),
3 – 3 Bispados (Colônia, Mogúncia e Tréves)
4 – 20 Principados Eclesiásticos,
5 – 4 Abadias do Império,
6 – 1 Ordem Soberana,
7 – 20 Principados recentes,
8 – 94 Condados do Império,
9 – 42 Canonicatos do Império e                   
10 – 57 Cidades do Império.
       Após Napoleão foram reduzidos para 36 e só depois de Bismarck, em 1875, a maioria foi agrupada formando o que hoje conhecemos como Alemanha

                                           RAZÕES DA IMIGRAÇÃO ALEMÃ
             Tivemos acesso a trabalhos de pesquisa de Egydio Weissheimer, confrade no Instituto Genealógico do RS, IMIGRAÇÃO ALEMÃ AO BRASIL

        Pela sua magnitude, reputamos ser um dos grandes clássicos da imigração alemã e aproveitamos a redescoberta da canção do imigrante. Constava apenas a poesia em alemão e deixamos a nossa colaboração: Encontramos a partitura, a canção cantada por um coro escolar na Alemanha e mandamos traduzir a letra, procurando respeitar a métrica.

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