sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Os Diehl

FAMÍLIAS DIEHL E SUAS HISTÓRIAS

P A U L     D I E H L
       Nosso antepassado Paul Diehl e familiares chegaram ao Brasil em 15 de janeiro de 1826. Partiram da localidade de Mainz, na região de Rhein-Pfalz (Palatinado Renano), entre os rios Reno e Mosela, sudoeste da Alemanha, um pouco ao norte da região dos Ruschel.
       Viajaram pelo bergantim Carolina em viagem dificultosa e até fome passaram. Paul trouxe consigo a sua esposa Margaretha Frey e filhos do casal.
       Depois de alguma demora, adquiriram propriedade rural e foram residir no vale do rio Caí na localidade de Feliz. Prosseguiram em sua profissão de agricultores com sucesso. A terra retribuía com fartura o suor do rosto do imigrante.
       Uma de suas netas, Anna Ottilia Diehl, contraiu matrimônio com nosso avô Mathias Ruschel Sobrº e deixou enorme descendência. Transferiram-se para Estrela, no vale do rio Taquari, onde ele, seu pai - o Capitão Miguel Ruschel e dois dos seus irmãos, Nicolau e Francisco Xavier Ruschel, criaram a navegação Ruschel Irmãos, entre Muçum e Porto Alegre em 1902. Navegaram com sua frota por mais de um quarto de século, conduzindo passageiros e carga.   
            Com o passar do tempo, outros descendentes migraram para o Alto Taquari, região de Carazinho, noroeste do RS, oeste de SC e PR, Brasil Central e adentraram na Amazônia. Alcançaram os confins do Brasil.
       O filho primogênito de Paul, com o mesmo nome, teve no Brasil, 21 filhos com sua esposa. Catharina Blum.  É o único caso que conhecemos.
       Registramos a família e enviamos cópia por email, para um filho de cada um dos tios, filhos da vovó Anna Ottilia Diehl Ruschel, com o título de Ancestors of Ida Ruschel, que a redistribuíram para os demais parentes.
       Pesquisando, encontramos referências confiáveis de que o Capitão Miguel Ruschel, também adquiriu parte do latifúndio de Laura Centeno de Azambuja, (casa do morro) que ia de Cruzeiro do Sul, atravessava Santa Clara e ia até o bairro São Bento nos subúrbios de Lajeado. Loteou-a em colônias agrícolas. Era um empreendedor destemido.
       Desconhecíamos o fato até há poucos dias e foi fácil encontrar elementos históricos que confirmassem essa afirmativa.
       O Capitão Miguel trouxe de Feliz, pelo menos um filho, Peter Ruschel e familiares da esposa de seu filho Mathias, irmãos e tios da vovó Ottilia Diehl, para adquirirem as colônias. Compoem a origem dos moradores de Cruzeiro do Sul, Santa Clara do Sul e Lajeado com os sobrenomes de numerosos Ruschel e Diehl. .
       Um deles destacou-se na revolução de 1893, José Diehl, quando liderou a defesa da vila de Santa Clara, contra um ataque de mais de trezentos (se diziam Maragatos) ervateiros das terras devolutas, serranos dos altos dos municípios de Soledade, Lajeado e Encantado. Armou cinquenta voluntários, entre eles quatro de sobrenome Ruschel e aguardou o ataque da horda montada na periferia da vila.
       Travou-se acirrado combate, com o desbarato dos atacantes sob a liderança do facínora Zeca Ferreira. Derrotados, fugiram levando seus mortos e feridos. Nunca mais voltaram. Os defensores sofreram uma baixa. Um colono foi ferido por um tiro na perna, que teve de ser amputada. Recebeu pensão vitalícia da prefeitura de Lajeado.
       Na entrada da cidade, um marco comemorativo registra a data e o local. Estivemos lá. Anualmente festejos comemoram a data. Ainda hoje se fala na “Maragaten Krieg” (Guerra dos Maragatos).
       Doamos para a prefeitura de Santa Clara do Sul o último dos 17 fuzis Comblain, já de retrocarga, existente e utilizado no combate pelos colonos Fazia parte de coleção de armas antigas que possuíamos. É exposto nos painéis do estande nos eventos comemorativos.
                                         MATHIAS SEBASTIAN DIEHL
       No mesmo navio e dia, chegou também Mathias Sebastian Diehl, nascido em 30-08-1786, falecido em 2-03-1847, sua esposa Marianna Weissbarth, nascida em 6-02-1791 e falecida em 19-01-1862, e filhos do casal. Partiram do vilarejo de Bad-Kreuznach, cerca de 34 km de distância lateral de Mainz.
       As famílias registraram-se na Alfândega, uma logo depois da outra, o que nos revelou intimidade. Mesmo tendo partido de localidades um pouco distantes e terem destinos diferentes – permaneceram em São Leopoldo e dedicaram-se ao comércio -, acreditamos que tenham sido dois irmãos e na pior hipótese, primos-irmãos. Deveriam ter quase a mesma idade, pois seus filhos primogênitos nasceram no mesmo ano. A emigração era uma aventura que poderia significar tudo ou nada. A parceria entre os irmãos, com o mesmo objetivo, permitiria auxilio mútuo em caso de necessidade. Acreditamos que já eram comerciantes em sua localidade de origem, pois era uma família abastada. Chegaram ao Rio Grande do Sul com Carta de Recomendação às autoridades. Temos a genealogia dos seus familiares desde 1684.
Em seguida estabeleceram, depois de 1830, navegação fluvial, com trapiche próprio, entre São Leopoldo e Porto Alegre, onde montaram empório comercial para distribuição de mercadorias coloniais na cidade e arredores.
Os barcos navegavam com impulsão de remadores e vela. Na medida do crescimento, mais e mais barcos eram acrescentados.  Foram pioneiros.
Com o início da Revolução Farroupilha em 20-09-1835, se encontraram entre dois fogos, com os riscos que podemos aquilatar.  Adaptaram-se como foi possível para sobreviver. Seu empório em Porto Alegre foi saqueado por Farroupilhas e por Imperiais.
Conquistada a capital da Província, os Farrapos encontraram um comércio ativo, mas descontente com as autoridades do Império: burocracia e atraso nos pagamentos de mercadorias de subsistência vendidas aos órgãos do governo. Talvez com os Farrapos a situação melhorasse. Ledo engano. Os Farrapos simplesmente, por falta de disponibilidade do erário, não pagavam ninguém. Mais, o salário dos militares e burocratas adesistas, deixou também de ser pago, com influência nefasta na economia e circulação da moeda.
Porto Alegre era uma cidade portuária e sua economia gravitava em torno da movimentação de navios que fundeavam nas suas docas. Como os navios do Império dominavam as águas fluviais e lacustres, nenhum barco atracou no porto durante os nove meses em que os Farrapos dominaram a cidade e a vida econômica entrou em declínio e colapso, sem previsão imediata de solução.
Decepção e arrependimento para os moradores. Era necessário um movimento generalizado para retornar ao que existia antes.
Em 15 de junho de 1836, a cidade que anoitecera Farrapa, ao amanhecer do dia seguinte já era Imperial novamente. Sem um único tiro, todas as autoridades civis e militares, mais de setecentas, foram aprisionadas e o governo Imperial restaurado. Libertaram as autoridades Imperiais aprisionadas no navio Presiganga, surto no porto, que assumiram o governo. O navio passou a ser prisão para as autoridades Farrapas depostas.
Os Farrapos instituíram um cerco à capital, que duraria quatro anos, sem que os revolucionários conseguissem retomar a cidade, mesmo castigando  os seus habitantes pela fome.
Empresas familiares de comércio e navegação de São Leopoldo, de propriedade de imigrantes alemães, reiniciaram o abastecimento de Porto Alegre com seus barcos lotados de gêneros alimentícios, iludindo o cerco férreo por terra. Apenas por via fluvial se teria acesso à cidade, correndo enormes riscos. Entre elas, a Navegação Diehl.
Encontramos no google, crônica de Felipe Diel,  que a seguir repetimos em parte.
Sua atuação pode ser estudada pela matriarca Mariana Weissbarth Diehl, protótipo da mulher corajosa, que em sua longa e operosa vida conjugou com habilidade uma variada gama de atividades. Foi mulher, mãe e educadora de 11 filhos, quatro dos quais nascidos no Brasil. Comerciante e empresária, por um quarto de século e exerceu a incrível profissão de barqueira, capitaneando o fluxo do abastecimento a capital, da frota dos Diehl. Começou em rústicos lanchões, fabricados por hábeis artesões renanos, como seu patrício John Schorn, e chegou a proprietária de ao menos duas embarcações importadas, uma das quais ocasionou a morte, por explosão da caldeira, do filho Luiz, aos 23 anos de idade.
Mariana fazia viagens mais frequentes que o marido, este ficava encarregado da coleta dos produtos agrícolas, dos trabalhos como serralheiro e da fabricação das balas de canhão e armas brancas, para aumentar a renda da numerosa família.
Em 1847 morreu Sebastian, Mariana assumiu o comando. No ano seguinte os Diehl importaram o vapor FLECHA, com 10 cavalos de força, melhor e mais confortável barcas. Em 1852 adquiriu um resistente vapor a ferro da Alemanha.
Iam ascendentes os negócios quando sobreveio a tragédia. A cólera morbus, que no verão de 1855 levou 10% da população de Porto Alegre, RS ceifou ao meio da família, levando as crianças, as mais suscetíveis, e a força de trabalho, a mais exposta. A família de Carl foi quase exterminada: ele próprio, os filhos adolescentes Joaquina e Adolfo, e a neném Carolina formaram um fúnebre cortejo da capital a Colônia, na semana precedentes ao Natal daquele ano fatídico. O mesmo destino tiveram Valentin e Anna Maria, filhos da Matriarca, e outros tantos netos. Ao final da tragédia, sobraram três viúvas: Mariana e duas noras. Faltaram braços para o trabalho, e à inquebrantável matriarca só restou passar a navegação a Família Becker, que veio a se notabilizar no ramo ao lado dos Arnt. Mariana faleceu aos 71 anos de idade.
Fonte: Alemães Na Guerra dos Farrapos.
           Lemos a crônica e tivemos uma sensação de “déjà vu”. Conhecíamos a história anteriormente. A memória nos levou ao livro do inesquecível Josué Guimarães, autor, entre outros, do livro da coleção A Ferro e Fogo, Tempo de Guerra. Ele narra, em parte, história similar da protagonista do romance, Marianna Weissbarth Diehl, sob o nome fictício de Catarina Klumpp Schneider. 
       Assim, com as fontes dos livros - Alemães na Guerra dos Farrapos e Tempo de Guerra - damos valor histórico ao relatado.
       A história escrita do RS omite esse episódio. Esquecemos heróis e heroínas do passado. Ainda é tempo de resgatar essas vidas.
PONTAL DOS DIEHL
       Tínhamos na memória o topônimo Pontal dos Diehl e nada mais. Partimos em busca de informações que nos conduzissem à sua história.
       Aqui está o que apuramos:
S.M.I. D Pedro I pretendia construir mais um porto marítimo no Atlântico e escolheu o local denominado Torres, junto à foz do rio Mampituba. O projeto fracassou e apenas 60 metros de molhes foram executados.
Havia lá uma aldeia com pequena guarnição militar e como complemento, seria necessária a colonização desse local deserto.
Foi determinada, em 1826, a criação de colônia agrícola com os imigrantes alemães que estavam chegando à São Leopoldo.
421 familiares com seus trastes partiram de São Leopoldo por barco até. Palmares, no nordeste da laguna dos Patos e dali em carroças tracionadas por bovinos. Foram conduzidos até o norte da lagoa Itapeva, perto de Torres, onde foram divididos em duas colônias nas margens da lagoa: Três Forquilhas, com imigrantes luteranos (entre eles o pastor Carlos Leopoldo Voges) e Dom Pedro de Alcântara com imigrantes católicos. A viagem de São Leopoldo até Torres demorou quase dois meses. Que viagem. Depois de 50 dias no mar, mais 50 em carroças.
Cada chefe de família recebeu 77 hectares de terras. Assentados, logo progrediram na lavoura, mas não tinham como escoar a produção agrícola que apodrecia nos galpões por falta de meio de transporte para Porto Alegre. Logo montaram alambiques para a produção de cachaça que seria vendida na capital.  Encontraram uma solução provisória. Subir o penhasco até o alto da serra em tropas de mulas até São Francisco de Paula, depois Dois Irmãos e São Leopoldo. O frete custava mais do que o valor da mercadoria. Houve um desânimo geral, muitos desistiram e deixaram essas colônias. Houve um período de estagnação, mas as lideranças encontraram solução.
Jacob Sebastian Diehl, da geração seguinte dos Diehl de São Leopoldo, juntamente com as famílias Voges e Dreher, seus parentes e sócios na empresa Diehl, Dreher & Cia., criaram navegação de barcos com fundo chato entre Torres e Osório, atendendo ao todo, dez portos lacustres. Depois, carroças até a capital. Por volta de 1908 a empresa possuía sete iates (cremos que à vela), uma lancha a querosene e um vapor. Encerrou suas atividades em 1958.
As lagoas, como um rosário, comunicavam-se entre si por canais naturais de difícil transposição e começavam a ser navegadas. Entreposto comercial em Três Forquilhas, trapiche e depósito no Pontal dos Diehl, faixa de terra que entrava na lagoa do Palmital, perto de Osório, cerca de 80 quilômetros ao sul,
 O transporte ferroviário, iniciado em 1921 e encerrado em 1960, era estatal e ligava Osório ao porto lacustre de Palmares. As locomotivas de bitola de 60 cm. alcançavam somente 18 km por hora, mas cumpriram seus objetivos até o advento de estrada rodoviária, mesmo precária, de Porto Alegre à Torres lá por 1958, quando o transporte em uso tornou-se obsoleto e cessaram para sempre as atividades. Os barcos que navegavam na laguna dos Patos e lago Guaíba eram também de propriedade dos Diehl e ligavam Palmares à Porto Alegre.
Restaram as ruínas do Pontal dos Diehl, com visitantes, hotel e arredores ainda em plenas atividades turísticas, a história e o testemunho de mais uma família com o mesmo sobrenome e parentesco entre si. Nosso Rio Grande do Sul encontrou o progresso com gente empreendedora como os que são mostrados acima. Orgulho nosso.
Diehl deixou de ser um nome na memória, hoje, está presente na História,         
BIBLIOGRAFIA: Quadro genealógico “Descendants of Ida Ruschel”, do autor
Crônica de Felipe Diel (sic) - História da Família Diehl (google), Livros: Alemães na Guerra dos Farrapos - Hilda Agnes Hübner Flores, A Ferro e Fogo, Tempo de Guerra, de Josué Guimarães, Navegação Lacustre Osório-Torres, de Marina Raymundo da Silva


 ORIGEM DO SOBRENOME DIEHL


Pesquisas tem apresentado duas possíveis explanações sobre a origem do sobrenome Diehl. No primeiro exemplo o sobrenome pode ser PATRONÓMICO na origem, pertencendo ao grupo dos sobrenomes derivados do primeiro nome do pai do portador original. Assim como o nome é uma modificação ou nome de um animal de estimação do velho nome germânico CHIELO; os nomes de animais de estimação eram uma maneira popular de demonstrar afeições. CHIELO por sua vez, foi derivado do nome antigo CHIEDERICK do personal, uma forma do CHEODORIR grego, significando "o presente DEUS". Da mesma forma, o nome tornou-se primeiramente popular no "Heldensaga" ou "Idade Heróica" da Alemanha, logo após o declínio do império romano, e é assim documentado antes do oitavo século.Alternativamente, o nome pode ser de origem ocupacional, derivado da profissão perseguida pelo portador original. Como o nome pode encontrar sua fonte na profissão da apicultura onde "CHIEL" e "DIEHL" denotaram tal pessoa. Esta não era nenhuma perseguição solitária nas idades médias, desde que a comunidade inteira dependeu do mel coletado pelos apicultores locais para adoçar seu alimento mudando de outra maneira e também para a produção de sua fonte mais popular de álcool, i.e. "mead". Assim, o apicultor teria conquistado grande respeito dentro da comunidade, e teria sido bem recompensado por suas habilidades. Registro do nome em sua forma dada datam o século catorze. Em 1344 HENRICH DYELE foi registrado nos documentos pertencentes a cidade de Mettingen. ALBRECHT DER DYEL (o artigo definitivo mostra origem ocupacional) foi registrado similarmente em Essilingen em 1345, Whilst a cidade de Halberstadt poderia gabar-se um HENRICH THIEL, um fabricante de cerveja em 1967.

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