PRIMEIRA EMIGRAÇÃO
A
primeira família Lampert a chegar a São Leopoldo- RS em 16.12.1827, viajando
pelo navio Fliegende Adler (Águia Volante), que de tão moroso recebeu dos emigrantes o apelido
jocoso de Krieschende Schnecke (Lesma Arrastante). Do Rio de Janeiro até Porto
Alegre viajou pelo bergantim Conceição Imperador, e até São Leopoldo em
lanchões toldados. Era originária de Niedereisenbach (Baixo Arroio do Ferro),
afluente do Glan, na região do médio Reno. A região chama-se Rheinland-Pfalz
(Palatinado Renano). Pelos mapas da região, constata-se que era sobre um
divisor de águas, pois partiam dali arroios em direção ao norte, ao sul e a
leste. Não temos certeza, mas provavelmente era de pequenas elevações onde a
terra já seria bastante erodida e, portanto, de baixa produtividade. Na época, Niedereisenbach pertencia ao cantão
do Glan, burgomestria de Grumbach, principado de Litchtenberg, condado de
Saxe-Coburgo. Lembramos que na época da emigração não havia a Alemanha, e sim
trinta e oito pequenos principados, ducados, condados e reinos de fala
germânica, que somente em
1871
Otto von Bismarck agrupou num único país.
O
emigrante apresentou-se na paróquia evangélica de Dois Irmãos - RS como sendo
JACOB LAMPERT (também Lambert), agricultor, nascido em 18.01.1784, filho de
Jacob. Casara com Maria Bárbara Edinger, natural daquela comunidade, filha de
Peter e Anna Bárbara Edinger, nascida em 27.07.1785. Foi registrada como família
nº 11. Foram assentados em três lotes de terras. O lote 9, para o pai Johann
Jacob e o filho mais velho imigrado, Friedrich Wilhelm. O lote 25, para o filho
Johann Adam e o lote 5 para o filho Michael.
Viajamos ao passado pelos arquivos
alemães (Evangelische Archivstelle de Koblenz, Archivstelle S. Martin de
Boppard e outros) e conseguimos identificar que em 1585 havia um registro
fiscal em Leitzweiler, 40 Km
distante ao norte de Niedereisembach, de um agricultor Lambert, viúvo, pai de
três filhos - Niclas, Abraham e Marie. Certamente era pai de Nicolaus (Niclas)
e avô de Claus, de Leitzweiler. Claus nasceu em Meckenbach, na mesma região,
mais ou menos em 1580. Casou com Agnes ... e teve três filhos. Passamos a
considerar este Claus Lambert como nosso antepassado número um (pelo menos até
este momento) de nossa ascendência documentada e ininterrupta. É o genearca da
primeira e segunda emigrações e provavelmente também das demais.
Veja-se a evolução dos sobrenomes
iniciais até atingir a sua grafia definitiva. Os nomes estão absolutamente
corretos como abaixo escrevemos.
São os seguintes os descendentes de
Claus Lambert e antepassados do casal da primeira em igração:
ADAM
LAMBERT, nascido antes de PETER
ÖTTINGER, 1617-1692
1609, cc. Engel em Meckenbach cc Elizabetha Kurth,
1617, oo 1642,
Hundheim
MATTHES LAMBERT, 1640 -1718 cc CONRAD ETHINGER 1646 -1716
L665 Anna Katharina Fischer, em
Meckenbach 1695
JOHANN (HANS)
FRIED LAMPERTH JOHANN PETER
ÖTTIGER 1677-1733,
Cc Maria Margaretha
Wents 1665/ Professor, cc Anna Elizabeth Althes, - Meckembach
oo 19.07.1707
O
MESMO oo (2) 1696 Maria Engel Ackuff,
O
MESMO oo (3) Anna Amália vva. de
Mathäus Wolf 1680-1743 oo 12-01-1723
de
Eschenau
JOHANN
PETER LAMPERT, artesão de JOHANN PETER EDINGER, calçados e juiz de pequenas causas
04-02- oo Anna Elisabeth Heinz em 1754
1724-1808
oo Anna Margaretha Klein 1728-
1812
em 22-04-1745 em Niedereisenbach
JOHANN JACOB LAMPERT, 19-09-1746 JOHANN PETER EDINGER, 20-07-1759- , cc Anna Elisabetha Edinger, 1747
cc Anna Bárbara Maria Maria cc 01.02.
-1771 (1) 1763 em Niedereisenbach 1738
O
MESMO, cc Maria Bárbara Reinheimer
1755-1797
oo (2) 1772 Niedereisembach
e os emigrantes
JOHANN
JACOB LAMPERT, 18-01-1784 MARIA BARBARA EDINGER, - -
07-06-1829
19.07.1842
Traçamos,
à seguir, o itinerário e as localidades de residência dos nossos antepassados
primários conhecidos:
Nicolaus Lambert, pai de Claus, foi
identificado como morador de Leitzweiler, ainda hoje uma localidade
insignificante e desolada.
Claus Lambert nasceu em Meckenbach.
assim como seu filho Adam Lambert, seu
neto Matthes Lambert e seu bisneto Johann (Hans) Friedrich Lamperth (sic).
Johann Peter Lampert morou em
Eisenbach.
Johann
Jacob Lampert nasceu em Eisenbach e morou em Niedereisenbach assim como seu
filho homônimo e emigrante.
As localidades eram muito próximas
uma das outras, todas dentro do principado de Lichtenberg.
Como vemos, o nosso emigrante
chamava-se JOHANN JACOB LAMPERT e não apenas Jacob, como declarou ao chegar, e
com nome igual ao de seu pai.
O casal emigrante partiu de
Niedereisenbach com nove filhos - cinco homens e quatro mulheres - inicialmente
em carroças de tração animal e depois em pequenos barcos com destino ao porto
onde tomariam o navio para o Brasil. Inexplicavelmente um filho - o mais velho dos
que estavam partindo - também de nome Johann Jacob Lampert, 1806-1855, igual ao
de seu pai e avô, separou-se do restante da família em Vlissingen, ilha de
Walken, na Holanda e desistiu de emigrar. O que teria acontecido? Não o sabemos
e nem o saberemos com certeza. Na época, os emigrantes recebiam um passaporte
para toda a família. Pai, mãe e filhos recebiam uma
"Entlassungs-Urkunde" ou Carta de Saída, que deveria ser apresentada
no Brasil na chegada. Como descobrimos? Coincidência. Escrevemos para a
paróquia evangélica de Niedereisenbach pedindo informações do emigrante Johann
Jakob Lampert - 1784 e essa carta foi cair em mãos do Sr. Hans-Georg Leppla,
estudioso da história de sua comunidade, que já dispunha de correspondência com
solicitação igual enviada por Robert Donald Lambert, de Rotterdam, na Holanda,
dizendo-se também descendente de Johann Jacob Lampert - 1784. O Sr. Leppla, que
já estivera no RS em 1991 e fizera contato em Desvio Blauth, Farroupilha, com
Oscar Carlos Closs, que era sobrinho de Sophia Lampert Closs, 6º filho de
Johann Peter Lampert e Maria Sara Carolina Schütz, 2ª emigração, sabia da
existência dos Lampert no RS. Comunicou-nos o fato e deu-nos o endereço de
Robert Donald Lambert. Trocamos correspondência em inglês, confirmando o
acontecido. Esse filho do emigrante ficou lá sem qualquer documento e ao casar
com Pieternella Gijseling, 1811, teve que pedir ao Rei dispensa de documentos
para o enlace e passou a assinar-se Lambert e com a fonética francesa de
“Lambér”. Hoje, conseguimos algumas informações que ajudam desvendar o que
provavelmente aconteceu. No período de separação da família em 1827 até seu
casamento em 1835 ele tornou-se marinheiro e atendia pelo apelido em holandês,
que nos foi traduzido para o inglês, como Walking Feet. Vertido para o
português seria Pés Caminhantes, ou melhor, Trotamundos, revelando seu espírito
irrequieto e aventureiro. Morreu em 1855 na ilha de Java, na Indonésia. Teve 9
filhos, dos quais cinco morreram em tenra idade. Seu filho Antheunis Ferdinand
seguiu os passos do pai, foi marinheiro (maquinista de primeira classe) e
depois oficial a bordo de navio de guerra em alto mar. Após ter participado das
guerras da independência da Indonésia viveu durante 20 anos na selva. Foi
condecorado por bravura e logo após sua volta para o lar na Holanda,
suicidou-se. Casou com Maria Cornelia de Oude. Seu filho Ferdinand Johann
Willen Lambert, 1879 - 1946, casado com Jacoba Johanna Philippina Köhler, foi
ginasta e atleta laureado na Holanda. Seu filho Marius Cornelis 1905 - 1987,
administrador de empresas, casou em terceiras núpcias com Theodora Huberdina
Stigter e também residiu por mais de 20
anos na Indonésia. É o pai de Robert Donald.
Em maio de 1997, Robert Donald
Lambert veio a Brasília a serviço de sua profissão (é arquiteto), aproveitou a
oportunidade e o nosso convite, para vir a Porto Alegre, ensejando que os
descendentes da quinta geração do emigrante Johann Jacob Lampert - 1784 se
conhecessem, decorridos 170 anos da separação da família emigrante. Robert
Donald confraternizou em Porto Alegre e Dois Irmãos, durante três dias com mais
de trinta parentes. É casado com Ivonne Boot e pai de Dilys Lívia, 1987 e
Davine Selinde, 1991. Existe a possibilidade de extinção desse sobrenome na
Holanda, pelo diminuto número dos seus descendentes masculinos existentes hoje.
O levamos para
conhecer vários municípios de colonização alemã e experimentar as cozinhas
típicas gaúchas, alemãs e italianas. Nunca viu tanta fartura. Fotografou todas
as churrasqueiras cheias de carnes de gado, porco e frango. O conhecimento dele
à respeito do Brasil era o habitual, isto é, não tinha a menor idéia do que
éramos. Em outubro de 2001 voltou ao RS
e participou do encontro dos Lampert em Dois Irmãos. Fez sucesso. Fala
fluentemente também o inglês, o alemão e o francês. Para surpresa de todos,
estava presente uma senhora casada com um Lampert, que falava o francês e o
colóquio entre os dois foi objeto de intensa curiosidade.
Visita de Robert Donald Lambert. (sentado, o 4º da esq. p/direita)
Documentos que hoje temos em mãos, mostram
que o casal emigrante, quando ainda morava na Europa, teve 12 filhos e mais um
no Brasil.
Quase todos os emigrantes tinham
nomes e datas de nascimento nas três fontes de origens que dispomos. A
primeira, no porto de desembarque, com datas sem a menor coerência; a segunda,
dos registros da Igreja de Dois Irmãos, ainda com vários erros, e a terceira,
que agora adotamos, dos documentos obtidos nos arquivos na Alemanha (alguns
ainda com omissão de um prenome). Dos nascidos no Brasil, aceitamos as datas
das Igrejas, cemitérios e informações pessoais.
Os filhos nascidos na Alemanha são
os seguintes:
JOHANN PETER,
20.07.1803, que foi o protagonista da segunda emigração, 21 anos mais tarde.
JOHANN JACOB,
05.01.1806, que desistiu de emigrar na última hora no porto de Antuérpia.
PHILIPPINA CAROLINA,
1822 - 1822 e sua irmã gêmea
MARIA MARGARETHA,
1822 - 1822 falecidas em tenra idade.
Dos doze filhos lá nascidos, oito
partiram na primeira emigração. São eles:
1) FRIEDRICH WILHELM
LAMPERT, 26.12.1808 e 17.02.1892, seleiro, cc Elizabeth Luiza Krieger,
19.04.1820, de Nohen - Birkenfeld, filha de Carl Krieger e Anna Elisabetha
Ritter. Há tempos, Arnor Lampert, um colaborador residente em Mal. Cândido
Rondon (PR) nos brindara com um xerox de um “Vorfahren” (antepassados), manuscrito e em alemão, que recebera de seu pai. Nele constava o nome do seu trisavô
(tataravô para alguns e Uhruhrgrossvater para o autor do Vorfahren), Friedrich Wilhelm Lampert e apesar da insistência dele,
mantivemos o nome apenas como Friedrich,
igual ao do embarque no navio na Alemanha, idem do porto de desembarque
(Alfândega) no Brasil e o mesmo que constava nos livros da paróquia de Dois
Irmãos. Acreditamos que o Vorfahren poderia estar certo. Era perfeitamente
mensurável a firmeza do informante. Mais tarde, encontramos a lápide de mármore
já removida de seu túmulo e jogada em um canto do cemitério de Nova Hartz, com
as datas que acima apontamos e com o nome de Friedrich W. Lampert. Passamos,
então, a aceitar também mais essa informação do Vohrfahren. Ao falecer, residia
em Nova Hartz, junto com seu segundo filho Johann Lampert, casado com Hanetta
Carolina Schüssler. No mesmo documento, constava que Johann Jacob Lampert
(1806-1855) teria ido para os Estados Unidos. Cremos que essa foi a intenção
inicial, mas ele acabou ficando na Holanda. Todas as demais informações do Vorfahren,
um trabalho valioso, estavam absolutamente corretas, confirmando os nossos registros. Entre os filhos de Friedrich Wilhelm havia a
anotação da existência de um Hannes, sem datas, casamento ou outra informação
palpável. Mais tarde, descobrimos a data do seu nascimento. Certamente um
apelido de Johannes e que era o mesmo Johann casado com Maria Ehrig, de Maratá,
localidade próxima, identificado inicialmente como descendente da 4ª emigração.
Esse Johannes desapareceu do contato com seus irmãos por ter se mudado de Dois
Irmãos para Brochier. Mais tarde,
encontrava-se em Linha Franck, hoje município de Teutônia. Dali foi para
Conventos e em 1898 para Arvorezinha, região exclusiva de italianos e lusos, e
se tornado católico. Faleceu em 1929 e está sepultado no cemitério católico da
cidade. Outro filho, Carl Michel migrou para Brochier lá por 1861, na época
Montenegro. O casal teve muitos filhos e
como sempre, foi necessária mais uma vez, a migração para nova região, pois a
terra não permitia a sobrevivência de mais de uma família no local. Permaneceu na propriedade uma neta, cujos
descendentes ainda hoje residem em Brochier. Em Brochier, hoje, não tem mais nenhuma
pessoa com o sobrenome Lampert. Outro filho de Carl Michel foi para Tabaí, onde
deixou vasta descendência. Os demais logo migraram para a região de Carazinho.
Ele teve 11 filhos. Quatro deles lhes deram 41 netos. 6 faleceram na infância e
de uma filha não encontramos
descendência. Mais da metade dos Lampert existentes são originários desse filho
emigrante. É um patriarca.
2) JOHANN ADAM
LAMPERT, 12.05.1810 e 10.6.1889, agricultor, casou em 1834 com a vva. Maria Catharine Windrath, 23.06.1808 e
20.12.1888, católica, de Mühlheim, junto
ao Mosela. Seu marido fora Johann Friedrich Lorentz, com quem teve um filho.
Ambos estão sepultados no cemitério evangélico de Canabarro (Teutônia) em
túmulos bem cuidados e letreiros legíveis. Temos as fotos, onde se verifica que
Adam, na realidade chamava-se Johann Adam. Sob nenhuma hipótese a família
incorreria em erro de nome ao acrescentar o prenome Johann, se assim não fosse
correto, ao mandar fazer a lápide Ele tinha terras em Dois Irmãos e mais tarde,
ao casar-se, instalou-se na propriedade de sua esposa, no município de
Teutônia. O casal teve oito filhos, apenas dois homens. Um foi morto na guerra
do Paraguai e o outro provavelmente faleceu na infância, pois não encontramos
confirmação, casamento, descendência ou
óbito. O sobrenome Lampert desapareceu nas suas descendentes mulheres. A sua
filha mais velha Catarina (1835) casou-se no Brasil com o soldado alemão, mercenário “Brummer”, Johann Karl
Christoph Dreyer (1825), que participou, no exército brasileiro, da batalha
decisiva de Monte Caseros em 1851, junto com outros 79 da mesma unidade, onde
vencemos o ditador argentino Juan Manoel Rosas. O casal deixou 12 filhos, dos quais oito
homens, que legaram o sobrenome Dreyer à uma numerosa descendência. O apelido
Brummer, significava “resmungão”, pois estavam sempre reclamando, descontentes
com a desorganização do exército e o não cumprimento do lhes fora prometido;
3) KATHARINA BÁRBARA
LAMPERT, 02.04.1813 - 1839, casou com Johann Karl Leopold Matte, ourives, 10.09.1806, que enviuvando, casou com sua cunhada Maria
Elisabeth. Ele faleceu em 10.11.1858 em Taquari. Também nas filhas os prenomes
ficaram complicados, pois as duas filhas mulheres seguintes, tinham o nome de
Katharina (ou Catharina) em um dos prenomes. No embarque, aparece apenas uma
Katharina. Na chegada ao Brasil, duas, apenas como Katharina. Uma, com data de
nascimento e a outra sem. O burocrata do serviço de imigração resolvera o
problema, omitindo uma data de nascimento e o casal chegou com duas filhas
Katharina. Na igreja de Dois Irmãos, o problema foi resolvido registrando-se
apenas uma Katharina. Somente
quando estas duas mulheres casaram e tiveram filhos é que os nomes foram
acertados.
4) MARIA CATHARINA
LAMPERT, 01.04.1815, casou em 1833 com
Carlos Clemente Kersting, 27.09.1815 de Celle, Hanôver. Residiram em Triunfo;
5) MARGARETH LAMPERT,
18.08.1824 e falecida na travessia marítima, em 1827;
6) MICHAEL LAMPERT,
agricultor, 26.11.1817, casou com Katharina Butze, 11-11-1823, de Lieser, no
Mosela., em São Leopoldo, onde nasceu seu primogênito em 1843.. Seis outros filhos
nasceram em Dois Irmãos. Com sua família, foi para o município de Taquari, onde
nasceu mais um. em 1858. Em 1860, juntamente com seu irmão Karl, adquiriu
propriedade rural e passou a residir na região de Santa Maria;
7) MARIA ELIZABETH
LAMPERT, 26.01.1820, casou com seu cunhado Johann Karl Leopold Matte em 1ªs
núpcias em 1839 e Carlos Theodoro Georg Lürs em 2ªs núpcias em 1864. Faleceu de
tifo em 01.04.1890. Também as duas irmãs 4 e 7 tinham Maria no prenome;
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