OS
RUSCHEL
PASSADO E DESCENDÊNCIA
COLETÂNEA
LEANDRO LAMPERT
Maio de 2015
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO …………………..…………. 4
FAMÍLIA DE SEBASTIAN
RUSCHEL ……. 5
OS ESTADOS TEUTÔNICOS ……...… ….. 10
RAZÕES
DA IMIGRAÇÃO ALEMÃ .………. 11
A CANÇÃO DO IMIGRANTE ………………. 21
O CAPITÃO MIGUEL ………………………..… 24
RUSCHEL IRMÃOS EM MUÇUM ………….. 32
JOHANN RUSCHEL …………….……….…… 33
CARTA AOS RUSCHELINOS …………...…… 36
MAIS HISTÓRIAS
RUSCHELINAS ……….… 37
DESCENDANTS OF IDA - 7 GERAÇÕES … 39
ANCESTORS OF FLÁVIA
RUSCHEL .……. 50
BRASÃO RUSCHEl COLORIDO ..…………… 51
HISTÓRIA DO NOME RUSCHEL …………. 52
FAMÍLIAS DIEHL ………………………..…… 53
ORIGEM DO SOBRENOME DIEHL ………. 58
INTRODUÇÃO
Escrever sobre nossos antepassados é tarefa agradável, porém
delicada e trabalhosa. Retornamos a um passado distante e já esquecido.
Decidimos abrir o baú dos tempos que já passaram, procurar e encontrar como
viveu nossa gente. Nossa curiosidade principal é para saber como eram, onde
moravam e a decisão terrível de deixar a pátria. Não deve ter sido fácil. A
decisão de emigrar estava relacionada com a miséria alimentar. Famílias
enormes, pouca terra e esta ainda, praticamente já sem fertilidade. Aprendemos
muito e desejamos compartilhar com os demais parentes Ruschel o conhecimento
das nossas descobertas, considerações e resultados. Estamos sujeitos a erros,
face às dificuldades, por eventuais imprecisões dos cartórios e paróquias ou
por nossa própria incompetência Bem no fundo, queremos mesmo é exibir nosso
orgulho em também ser um RUSCHEL. Para amar é preciso conhecer.
Serão bem-vindas as
informações sobre lacunas, contradições e erros que forem encontrados, assim
como novas contribuições para aperfeiçoar e completar este trabalho. Não
criamos nada, apenas pusemos ordem e cronologia nas informações esparsas que
coletamos e fizemos deduções lógicas que permitem transmitir uma visão da vida
dos que nos antecederam na família Ruschel.
A emigração para o Brasil foi um gesto de
desespero, coragem e otimismo no futuro. Não tinha mais volta. A pátria, as
aldeias, os familiares que permaneceram, foram vistos pela última vez na vida.
Dalí em diante seria tudo novidade. A fé na sua capacidade de trabalho,
perseverança e economia, levaria fatalmente à obtenção de progresso, solidez
econômica e um adeus às vicissitudes e fome sofridas na pátria de origem.
Acreditamos que, possivelmente, nossa
geração seja a última com memória, disposição e material genealógico que
permita a transmissão de dados familiares exatos, antes que se percam para
sempre. É agora ou nunca mais.
Este é o principal objetivo do nosso
esforço.
Agradecemos aos que nos incentivaram e
auxiliaram e a todos os novos colaboradores.
Porto
Alegre, julho de 2008.
Leandro
Lampert
Geraldo Ruschel
FAMÍLIA DE SEBASTIAN RUSCHEL
NA EUROPA
Os Ruschel são originários da região do Saar-Hunsrück, sudoeste da
Alemanha, próxima à França, entre as cidades de Trier e Saarbrücken.
O casal Sebastian Ruschel e Anna Maria
Mayer com oito filhos partiu do porto de Bremen com destino ao Brasil. Chegaram
em Porto Alegre em 17 de outubro de 1846. Vieram pelo brigue Hanseat.
Encontramos os registros de entrada no Brasil no Arquivo Público, no livro
C332, anotados com idades próximas à realidade. Tudo era mais ou menos.
Posteriormente encontramos as datas de nascimento verdadeiras.
A localização geográfica da vila de
origem, Mühlfeld, foi prejudicada por tradição oral equivocada, que desviou a
busca para outra região. A informação era que Sebastian morava junto ao Mosela,
nos encaminhou para buscas entre o norte e o sul de Trier, às margens do rio.
Nunca encontramos Mülhfeld. Ao norte de Trier, encontramos Mülheim, e ao sul
Mettlach, que ainda mais nos confundiram.
Imaginávamos que Mülhfeld não poderia
estar muito longe de Trier e que a distância permitisse, talvez, a ida e volta
no mesmo dia ou, no máximo, retorno no dia seguinte. Esta observação revelou-se
acertada e a distância real é de 34 km.
As buscas continuaram e lentamente foram
aparecendo mais nomes: Scheuern, onde nasceu e morava Sebastian, perto de
Mühlfeld, residência de Anna Maria; Mettnich, local de passagem da carruagem de
passageiros; Otzenhausen, onde o casal contraiu matrimônio. Mesmo assim não
localizamos a região nos mapas analíticos que dispúnhamos. As localidades
deveriam ser próximas umas das outras, pois os jovens não tinham como procurar
seus amores em lugares distantes por falta de condições de transporte. Mais
tarde localizamos onde residiam os avós maternos da noiva, Marpingen. Só então
tudo se esclareceu. Nos lembramos que em nossas pesquisas havíamos localizado
um Lampert que casara com noiva residente em Marpingen e todas essas
localidades deveriam estar próximas umas das outras. Assim era. Procuradas em
outra posição dos mapas, localizamos todas as vilas de origem dos Ruschel. Eram
aldeias muito pequenas, insignificantes e em região desolada. Não constavam em
mapas convencionais. Xerox de mapa está anexo, com círculos demarcando os
locais de interesse.
Um exame no mapa nos permite ver que a
região era de pequenas elevações, pois era divisor de águas. Os rios Glan e
Nahe seguem em direção norte até o Reno. O rio Prims, perto de Mühlfeld e
Mettnich, corre para o sudoeste até alcançar o Saar, que deságua no Mosela,
assim como o rio Blies corre para sudeste até também alcançar o Saar mais
acima. Mais ou menos, a região fica no terço inferior entre Trier e
Saarbrücken. As terras de encosta, prováveis minifúndios, deveriam estar
erodidas e esgotadas, obrigando os agricultores a emigrar como única forma de
manter a sobrevivência e proporcionar um futuro para os filhos. Pelo mapa,
também verificamos que a quantidade de aldeias era menor que em regiões
próximas, o que traduz, em nosso entender, que a terra de lavoura não suportava
mais habitantes.
Sebastian Ruschel, nasceu em Scheuern em
7 de maio de 1809, casou em 2 de janeiro de 1833 em Otzenhausen, 9 km ao norte
de Mühlfeld. Faleceu em 22 de novembro de 1882 em Feliz – RS.
Anna Maria Mayer nasceu em 30 de março de
1808 em Mühlfeld, 4 km ao norte de Scheuern. Há controvérsia em relação ao ano
de seu nascimento. A tradição oral informa que ela aumentou sua idade,
voluntariamente, no ato de casamento. Faleceu em 1º de Agosto de 1888 em
Estrela – RS.
Ele mantinha um serviço de transporte de
passageiros por carruagem em Mühlfeld, Mettnich, 2 km ao norte, e Trier, mais
de 32 km a noroeste.
A tradição oral que tínhamos era que
Mühlfeld se situava nas margens do rio Mosela, advindo daí a inclinação de
Mathias Ruschel S° pela navegação fluvial, foi informação fantasiosa. A rota de
transporte rodoviário era a sudeste de Trier, portanto, quase perpendicular ao
Mosela.
Estão demarcadas no mapa anexo Trier,
Otzenhausen, Mettnich, Mühlfeld, Scheuern e Marpingen.
Trier, cidade-fortaleza romana foi
construída por Júlio Cesar (Tréveris) é a capital da região. Mantivemos contato
epistolar com os arquivos católicos da cidade. (Bischöpfliches Generalvikariat)
Otzenhausen, sede do cartório onde o
casal contraiu matrimônio.
Mettnich, junto ao riacho Prims.
Mühlfeld, moradia de Anna Maria Mayer,
onde o casal passou a residir.
Scheuern, residência de Sebastian Ruschel
até o casamento.
Marpingen, localidade onde moravam os
pais dos sogros de Sebastian.
NO BRASIL
Encontramos no Arquivo Público o
registro formal de aquisição do lote 18 de terras na Picada Dois Irmãos, então
município de São Leopoldo. Cremos que Sebastian desistiu de construir ali sua
residência, provavelmente, por ser região de colonização predominante
evangélica. Também encontramos o registro de nova aquisição de outra colônia de
terras em Picada Feliz, lote 13, do outro lado do rio Caí, não muito distante
do lote anterior, mas no meio de outros moradores católicos e com o rio Caí
como meio de transporte mais fácil.
Sabemos que a colonização alemã no RS, em
seus primórdios, teve grande maioria de imigrantes da confissão luterana. Após
alguns anos, os católicos foram crescendo em número, até atingir quase a metade
das famílias. A existência do lote 18 em Picada Dois Irmãos, colonizado em 1827
e desocupado, pode ter outra explicação. Talvez fosse um local pouco adequado à
moradia e lavoura, razão talvez invocada por Sebastian para trocar de terras.
Seus filhos, nascidos em Mühlfeld:
1)
João Nicolaus Ruschel tinha 20
anos nos registros de alfândega, (1826) mas deve ter nascido em meados de 1831,
e casou em 4 de fevereiro de 1851 com Catharina Scherer, livro de casamentos 1,
página 2. O casal teve 17 filhos.
2)
Michael Ruschel, nasceu em 8 de
fevereiro de 1833 e faleceu em 18 de outubro de 1903 em Estrela – RS. Casou em
2 de outubro de 1855 com Anna Maria Scholer, nascida em 14 de agosto de 1832 e
falecida em 20 de julgo de 1903 em Estrela – RS. O casal teve 9 filhos.
3)
Maria Ruschel nasceu em novembro
de 1834 e faleceu em 1º de julho de 1890 em Picada Cará – RS. Casou em 29 de
janeiro de 1856 com Pedro Nicolau Klein, nascido em 17 de agosto de 1825 e
falecido em 22 de setembro de 1890 em Picada Cará – Feliz – RS. O casal teve 14
filhos.
4)
Catharina Ruschel nasceu em 12 de
outubro de 1836, casou em 11 de maio de 1858 em Dois Irmãos, livro de
casamentos 1, página 3 e faleceu em 27 de outubro de 1922 em Estrela. Seu
esposo era Pedro Kern, já nascido no Brasil e filho de Pedro Kern e Agnes
Scheiss.
5)
João Ruschel, nascido em 14 de
setembro de 1838, casou em 30 de junho de 1863 em São José do Hortêncio, livro
1 e página 60. Faleceu em 11 de junho de 1925 e está sepultado no cemitério
católico Santa Catarina em Feliz. Sua esposa, Anna Maria Stürmer, nascida em 11
de fevereiro de 1847 e falecida em 27 de fevereiro de 1926, sepultada no mesmo
cemitério. O casal teve 13 filhos.
6)
Anna Maria Ruschel, nascida de 29
de maio de 1840. Casou em 8 de maio de 1860 em São José do Hortêncio, livro 1,
página 42. Faleceu em 23 de janeiro de 1929 em Feliz. Seus esposo foi Francisco
(Frederico) Stürmer e o casal teve 11 filhos.
7)
Jacob Ruschel, nascido em 29 de
abril de 1844 e faleceu em 27 de abril de 1916, sepultado em São José do
Hortêncio. Casou em 27 de setembro de 1866 com Anna Maria Friedrichs, nascida
em 2 de fevereiro de 1844 e falecida em 16 de abril de 1922. Cemitério S.
Catarina em Feliz. Ela era filha de Carlos Friedrichs e Maria Schinen. O casal
teve 8 filhos.
8)
Matias Ruschel (Sênior), nascido
em 19 de novembro de 1845. Casou em 26 de julho de 1870 em S. José do
Hortêncio, livro 2, página 43. Faleceu em 2 de novembro de 1936 em Estrela. Sua
esposa foi Catharina Schossler, falecida em 1882. Tiveram 8 filhos. Matias
contraiu novo matrimônio em 16 de outubro de 1833 em Estrela, com Cristina
Becker, falecida em 1897, filha de Mathias Becker e Anna Maria Wolling. Tiveram
7 filhos. Num terceiro matrimônio com Gertrudes Herrmann, falecida em 1929, não
deixou descendência.
Seus filhos,
nascido em Feliz – RS.
9)
Nicolau Ruschel (Sênior), nascido
em 23 de outubro de 1849, casou em 7 de maio de 1872 em São José do Hortêncio,
livro 2, página 59, e faleceu em 21 de setembro de 1920, em Estrela. Sua esposa
Apolônia Schüssler, era filha de Nicolau Schüssler e Margarida Wagner. Tiveram
14 filhos.
10)
Peter Ruschel em 30 de julho de 1852 em Picada
Feliz, (sua mãe então já tinha 44 anos de idade) casou em 7 de maio de 1874 e
faleceu em 16 de junho de 1922 em Estrela. Sua esposa Luiza Heberle, nascida em
1855 e falecida em 17 de junho de 1928, sepultada em Estrela. Era filha de Pedro
Heberle e de Catharina Caye, tiveram 12 filhos.
DESCENDENTES DE NICOLAUS RUSCHEL – 37
1 – NICOLAU
RUSCHEL – 37(n. 1725)
Esp: CATARINA PFEIFER – 38(n. 1730)
2 – MICHAEL RUSCHEL – 20 (n. 6 set 1751,
f. 6 jul 1829, Scheuern – Trier)
Esp: MARGARETH ZOBEL – 36 (n. 21 dez 1760, f. 5 jun 1803)
Esp: MARIA FALK – 21 (n. 20 dez 1772, f. mar 1927)
3 – SEBASTIAN RUSCHEL – 1 (n. 7 mai 1809,
Scheuern – f. 22 nov 1882, Feliz)
Esp: ANNA MARIA MAYER – 2 (n. 30 mar 1808,
Mühlfeld, f. 1 ago 1888, Estrela)
4 – JOÃO NICLOAU (KLOSS) RUSCHEL – 3 (n.
1831)
Esp: CATHARINA SCHERER – 13
4 – MICHAEL RUSCHEL – 4 (n. 6 fev 1833, f.
18 out 1903 – Estrela)
Esp: ANNA MARIA SCHOLLER – 14 (n. 14 ago
1832, f. 20 jul 1903 – Estrela)
4 – MARIA RUSCHEL – 5 (n. nov 1834, f. 1 jun 1890 – Feliz)
Esp: PEDRO NICOLAU KLEIN – 15 (n. 18 ago
1825, f. 22 set 1890)
4 – CATARINA RUSCHEL – 6 (n. 12 out 1936, f. 27 ou 1922)
Esp: PEDRO KERN – 35
4 – JOHANN RUSCHEL – 7 (n. 14 set 1838, f.
11 jun 1925)
Esp: ANNA MARIA STÜRMER – 34 (n. 11 fev 1847, f. 27 fev 1926)
4 – ANNA MARIA RUSCHEL – 8 (n. 29 mai 1840, f. 23 jan 1929 –
Feliz)
Esp: FRANCISCO (FREDERICO) STÜRMER – 33
4 – JACOB RUSCHEL – 9 (n. 29 abr 1844, f.
27 abr 1916)
Esp: ANNA MARIA FRIEDRICH – 32 (n. 2 fev 1844, f. 16 abr 1922)
4 – MATHIAS (SÊNIOR) RUSCHEL- 10 (n. 19 nov 1845, f. 2 nov 1936 –
Estrela)
Esp: CATHARINA SCHOSSLER – 17 (f. 1882)
Esp: CRISTINA BECKER – 18 (f. 1897)
Esp: GERTRUDES HERRMANN – 19 (f. 1929)
4 – NICOLAU (SÊNIOR) RUSCHEL – 11 (n. 23
out 1849 – Feliz, f. 21 set 1920)
Esp: APOLÔNIA SCHOSSLER – 31
4 – PETER RUSCHEL – 12 (n. 20 jul 1852 – Feliz, f. 16 jun 1922 –
Estrela)
Esp: LUIZA HERBELE – 30 (n. 1855, f. jun 1928)
DESCENDENTES DE PETER JOSEF MAYER
2 – PETER JOSEF MAYER – 24 (f. 1794 –
Mühlfeld)
Esp: BÁRBARA ARTZ – 25 (f. jan 1817 –
Mühlfeld)
3 – PETER JOSEF MAYER – 22 (f. 21 mai 1829
– Mühlfeld)
Esp: CATHARINA THOMÉ – 23 (f. 22 abr 1816
– Mühlfeld)
4 – ANNA MARIA MAYER – 2 (n. 30 mar 1808 – Mühlfeld, f. 1 ago 1888
– Estrela)
Esp: SEBASTIAN RUSCHEL – 1 (n. 7 mai 1909 – Scheuern, f. 22 nov
1882 – Feliz)
OS
ESTADOS TEUTÔNICOS
Antes
de Napoleão, a região de fala germânica era formada por vários eleitorados:
1 – 1 Reino da Prússia,
2 – 4 Ducados (Áustria, Saxe, Baviera
e Brunswick),
3 – 3 Bispados (Colônia, Mogúncia e
Tréves)
4 – 20 Principados Eclesiásticos,
5 – 4 Abadias do Império,
6 – 1 Ordem Soberana,
7 – 20 Principados recentes,
8 – 94 Condados do Império,
9 – 42 Canonicatos do Império e
10 – 57 Cidades do Império.
Após
Napoleão foram reduzidos para 36 e só depois de Bismarck, em 1875, a maioria
foi agrupada formando o que hoje conhecemos como Alemanha
RAZÕES
DA IMIGRAÇÃO ALEMÃ
Tivemos acesso a trabalhos de
pesquisa de Egydio Weissheimer, confrade no Instituto Genealógico do RS, IMIGRAÇÃO
ALEMÃ AO BRASIL
Pela sua magnitude, reputamos ser um
dos grandes clássicos da imigração alemã e aproveitamos a redescoberta da
canção do imigrante. Constava apenas a poesia em alemão e deixamos a nossa
colaboração: Encontramos a partitura, a canção cantada por um coro escolar na
Alemanha e mandamos traduzir a letra, procurando respeitar a métrica.
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