P R E Â M B U L O
De onde viemos e para onde vamos? Se
acreditarmos em Deus, d´Ele viemos e a Ele retornaremos um dia. Se não
acreditarmos, somos resultado de um acaso biológico e retornaremos ao pó e ao
fim. A escolha é nossa.
No campo material, a busca dos
antepassados pela pesquisa, nos permite conhecer toda uma seqüência de vidas
que culminaram no nosso nascimento. Vidas inteiras e interligadas desfilam numa
sucessão aguardando a nossa vez de dizer presente. Não temos possibilidade de
trocar nossos antepassados e temos que aceitá-los como eles foram. Em parte,
somos responsáveis pela transmissão do nosso legado aos nossos descendentes,
até que chegue também a nossa vez de sermos por eles conhecidos e lembrados.
O conhecimento dos antepassados e o
legado dessa história aos nossos descendentes nos torna, de certa forma,
perenes, eis que por muito tempo nosso nome permanecerá vivo pela manutenção
dos registros de genealogia à disposição dos que nos sucederão.
Em parte para desvendar o passado e
também para legar os conhecimentos, partimos da pesquisa empírica iniciada por
nosso pai Mário Lampert, na década de 50, da qual fomos legatários e
prazerosamente nos propusemos a dar continuidade, então utilizando os recursos
de acesso aos arquivos das paróquias fundadas pelos colonizadores alemães, já
informatizados e publicados, que em parte, facilitaram contornar as
dificuldades criadas pelos que emigraram, pela repetição dos prenomes,
informações erradas provenientes da pouca cultura dos escrivães e erros de
pronúncia dos informantes. Irmãos tinham sobrenomes diferentes, dependendo de
como a informação era ouvida e registrada pelo funcionário da paróquia ou
escrivão.
Pesquisamos igrejas, cartórios,
cemitérios, guias telefônicos, agências da CEEE e Corsan e arquivos públicos.
No de Porto Alegre, folheamos mais de 40 mil páginas de registros de
nascimentos, casamentos e óbitos das localidades onde havia cópias dos
registros e informações objetivas relativas aos anos de 1929 a 1975.
Consultamos os guias telefônicos de todas as cidades do RS, SC e PR, assim como
de algumas capitais de estados, inclusive Brasília, anotando nomes, endereços e
telefones de todos os Lampert que o possuíssem e fizemos contato por
correspondência com cada um que não constava ainda no nosso trabalho, buscando
atraí-lo e obter suas informações genealógicas, para situá-lo no seu devido
lugar e incentivamos parentes em várias localidades para que colaborassem na
procura de algum Lampert de sua região.
Hoje, temos os endereços e telefones
de mais de 650 familiares Lampert em todo o Brasil, disponíveis para quem os
necessitar.
Encontramos reciprocidade em nosso
objetivo e os parentes assumiram as responsabilidades de completar suas
famílias. Quase sempre as informações demonstravam interesse e capacidade de
boa informação. O número dos não identificados foi se reduzindo gradualmente,
até restarem apenas alguns de difícil localização.
Inicialmente chocados, mas acabamos descobrindo
que existem familiares Lampert bastante humildes nas periferias da região
metropolitana, cidades da região da campanha e também nos vales dos rios
Taquari e Sinos, de parentes que sobrevivem com extrema dificuldade, atingindo
a situação que a sociedade chama habitualmente de pessoas excluídas. Decaíram na qualidade de vida, se igualando
aos demais na mesma situação, com os mesmos problemas e submetidos à inexorável
lei natural da sobrevivência do mais apto. Constatamos, falta de instrução,
baixa qualificação no trabalho e famílias numerosas, perpetuando assim as
dificuldades de reerguimento da família na vida social e econômica. Encontrados, procuraram fugir às informações
e, amargurados, preferiram ficar no anonimato. Respeitamos sua vontade.
Iniciamos catalogar os Lampert em
listas, depois em fichas. Finalmente encontramos a maneira de informatizar os
registros, adquirindo um programa de computação utilizado pelos membros da
Igreja Mormon. Mandamos buscá-lo em Salt, nos Estados Unidos. É um programa
universal e nossos disquetes podem ser utilizados em todo o mundo. Em 2003
adquirimos novo programa, chamado de versão 4 e que está hoje sendo utilizado
com sensíveis melhoras na apresentação.
Mesmo com o uso do computador
encontramos dificuldades na colocação de antepassados, pela variação da grafia.
Encontramos Lamper, de Santa Maria (lª emigração, 6º filho) e Lamperth, (1ª
emigração, 1º filho) do Alto Uruguai, todos nossos parentes. Lambert, alguns
parentes e a maioria não, assim como os Lembert ou Lambertz, todos semitas e
nenhum parente. Lamperte, Lampertz, Lamberti e ainda Lamberty. Encontramos
muitos Lamperti que inicialmente nos pareceu que poderiam ser parentes, mas
acabamos descobrindo até o brasão deles. São católicos e de origem italiana.
Nos demais nomes ocorreu o mesmo, por exemplo, Puzz, Putze, Putzer, Putzen,
Butzer, Butzen e finalmente Butze, que adotamos. Krieger e Krüger, etc. A Maria
Ehrig, esposa do filho do imigrante inicial da primeira imigração, também
chamava-se Erich, na região germânica, Eidler e Ereck na região italiana e Íris
na região portuguesa, locais de moradia dos seus descendentes até hoje. Os
imigrantes registravam muitas vezes seus descendentes com dois prenomes. Na
prática, usavam somente o segundo, inclusive na documentação de casamento e
registro de filhos. Somente quando encontramos os túmulos, verificamos o nome
certo da pessoa com os dois prenomes. Ninguém escreveria errada a lápide com nome
do familiar que estava sendo sepultado.
No meio desse cipoal, lentamente foi
surgindo o resultado de laboriosa leitura, interpretação e registro de
informações complementados por raciocínio, que permitiu a edição deste
trabalho, fundamentado em informações devidamente checadas e criteriosamente
avaliadas.
Entendemos que a família Lampert é
merecedora de ser melhor conhecida pela reunião de todas as informações num
único trabalho, dando início ao nosso Livro de Família que deverá ser
atualizado pelas próximas gerações. Famílias inglesas tem o seu Family Book e
as germânicas o Familien Buch. Mantemos contato com mais de uma centena de
descendentes de emigrantes que também estão procurando, encontrando e
publicando os registros de suas famílias.
É preciso rasgar a cortina da noite
para conhecer o passado e então tentar compreende-lo com o enfoque do
personagem da época.
É o que nos propusemos a fazer e
colocar à disposição da sociedade.
Obrigado aos que colaboraram. Não
foram poucos nem avaros.
Porto Alegre, junho de 2009.
LEANDRO LAMPERT – Membro do Inst. Histórico. e Geogr. do Vale do Taquari.
Participação de
LEANDRO CARLOS LAMPERT
PREFÁCIO DA TERCEIRA EDIÇÃO
Quando publicamos a
primeira edição com cerca de 1.700 nomes, sabíamos que estávamos apenas levantando parte da família Lampert. Visava uma reação
em cadeia. Graças àquela publicação, aos poucos, fomos obtendo maiores
informações de descendentes e também fomos por eles descobertos. O desejo de
ampliar os conhecimentos genealógicos
foi crescendo na medida em que havia meios de obtê-los com menos esforço.
À
cada um coube recordar os nomes de seus avós ou bisavós e situá-los dentro do contexto
do livro agora disponível, para se encontrar e identificar os demais parentes,
nos informando para o devido registro. Cada um recebeu, computadorizada, uma
relação apontando os seus ascendentes e descendentes.
Tivemos
a confirmação de que nossos registros de emigrantes e a primeira geração de
brasileiros estava quase toda identificada e o trabalho tinha sido eficiente.
Os registros oficiais são incompletos, errados ou contraditórios, sendo
necessário muito raciocínio para separar o que pode ser aproveitado.
A
publicação teve uma conseqüência inesperada. Serviu para alguns reencontrar
parentes perdidos ha mais de 30 anos. Fornecemos os endereços permitindo a
localização de cada um e o reencontro.
Na
primeira edição registramos quase 1.700 Lampert, incluídos seus cônjuges,
genros e noras. na segunda edição ultrapassamos 4.600 familiares e hoje
apresentamos nosso trabalho, devidamente corrigido em pequenos detalhes, sensivelmente ampliado em sua nominata que atinge
7.144 familiares e 2.314 matrimônios,
com novas informações sobre os velhos Lampert e muito mais histórias do
nosso estado, sempre envolvendo um
parente.
Todas
as informações genealógicas que nos foram entregues até o dia 31 de julho de
2005 estão devidamente registradas.
PREFACIO
DA QUARTA EDIÇÃO
Acrescentamos mais hisórias e parentes, que atingem agora à quase 8.000
Lampert e seus descendentes.
Limitamos a edição apenas a dez exemplares.
O AUTOR
R A Í Z E S
No
“Dicionaire Etimologique de Noms e Prenoms” editado na França, encontramos
“Lampert”, forma regional de Lambert, e “Lambert” antigo nome de batismo de
origem germânica, formado por “Land” (país) e “Berth” (brilhante). É originário
da região centro-oeste da Alemanha, perto da França e do Luxemburgo.
Ainda
hoje existe no Luxemburgo a aldeia de Lampertville, junto ao Rio Mosela, e a
cidade de Lampertheim (Lar dos Lampert) nas margens do rio Reno na Alemanha,
onde estivemos. Lampert é sobrenome comum hoje na Alemanha. Constatamos a
existência de cadeia de lojas e banco Lampert.
Quatro
vezes, familiares de sobrenomes Lampert cruzaram o oceano e desembarcaram no
Rio Grande do Sul, numa viagem sem volta, decididos a iniciar uma nova vida no
Brasil.
Conseguimos
rastreá-los, acompanhando seus passos e imaginando as dificuldades, compensadas
por valentia ante o desconhecido e firmeza de caráter frente as
adversidades. Emigrações de famílias
foram marcadas por falecimento em viagem, face ao desconforto dos navios,
demora em alto mar, subnutrição, e provavelmente, doenças infecciosas.
Várias
razões motivaram a emigração. Mesmo estando já as terras aráveis da região
confiscadas da nobreza e do clero e distribuídas entre os agricultores, o
crescimento demográfico, com cerca de dez filhos por casal, não permitia
que em mais de duas gerações houvesse
terra suficiente para todos, ainda mais se
a terra já estivesse exaurida por séculos de plantio contínuo sem a mínima
técnica. Havia excedentes populacionais que não tinham como sobreviver. Cada
proprietário possuía apenas uns poucos hectares e não passava de um sub camponês.
A legislação fundiária determinava que a terra fosse herdada apenas pelo filho
varão mais velho. Era a Lei do Morgadio, em vigor desde o início da Idade
Média. Obrigava, entretanto, o herdeiro privilegiado, a várias obrigações de
sustento para com seus irmãos. Outros eram apenas servos eventuais. Tornaram-se pequenos artesãos que preferiram
não se incorporar ao proletariado nascente do início da industrialização da
Alemanha. Igualmente, as sombras das
guerras napoleônicas que terminaram somente em 1815 na batalha de Waterloo,
assim como as requisições de alimentos e soldados que deixaram as populações na
miséria e desfalcadas de seus familiares homens, impeliram a emigração. Cremos
que a possibilidade imediata de se tornarem proprietários de no mínimo 25 ha de terras ainda virgens,
em clima ameno, viesse coroar anseios sempre sonhados e, paralelamente,
continuaria a possibilidade do exercício de suas habilidades profissionais,
ampliando significativamente a receita. Cada filho emigrante tinha sua
especialização artesanal, além da agricultura, exercida por todos. A
perspectiva era que se transformassem proletários em proprietários.
O
primeiro imigrante Lampert deixou nas suas terras na Europa o filho mais velho
e sua família, trazendo os demais para o Brasil, já antecipando o direito de
Morgadio que caberia àquele filho. Uma geração depois, exatamente 21 anos,
também este filho mais velho decidiu vir com sua família para o Brasil. Mais
cedo ou mais tarde também sua propriedade ficaria com um único filho homem. Os
direitos das mulheres eram inferiores aos dos homens.
A
aldeia de Niedereisenbach é o berço dos Lampert das primeiras duas emigrações.
Após a fusão com a aldeia do outro lado do riacho, Hachenbach, hoje se chama
Glanbrücken (Pontes do Glan) e tem cerca de setecentos habitantes. Por ter
trocado de nome, não conseguimos localizá-la na época em que estivemos na
Alemanha e a procuramos. As terras da
região são pouco férteis e a viticultura ainda era uma das atividades agrícolas
locais. Atualmente, toda a região das encostas é ocupada apenas com
reflorestamento, pois até a viticultura tornou-se antieconômica.
FOTOGRAFIA DE NIEDEREISENBACH EM 1986
A idéia da emigração
foi tomando corpo, e a propaganda do major Jorge Antônio Schäffer, arrecadador
oficial de emigrantes, pago por cabeça imigrada, contratado por D. Pedro I, foi
sendo escutada e assimilada. Hábil propaganda oferecia um mar de rosas no
Brasil e esperava-se vida nova em terra nova, sem guerras, mortes violentas e
fome. Terras férteis de graça, ajuda do governo, liberdade religiosa, convívio
no meio dos patrícios, passagens gratuitas, enfim, uma utopia. A realidade não
foi bem assim. Morriam pessoas nos navios, as terras eram inicialmente de
graça, mas não havia estradas e eram cobertas de mata virgem povoadas por
bugres traiçoeiros e animais selvagens. Os conflitos a que as famílias emigrantes
foram vítimas na Europa foram substituídos no sul do Brasil por revoltas
internas como a Revolução Farroupilha em 1835, a Revolução
Federalista em 1893, a Antiborgista de 1923 e a Constitucionalista de 1932 no
RS, que acrescidas da Guerra do Paraguai em 1865-1870, submeteram os emigrantes
e seus descendentes às violências dos beligerantes. Todas gerações de
imigrantes tiveram de suportar conflitos armados, participando ou mesmo alheios
aos acontecimentos. E a ajuda do governo ....... Já então vinha com atraso no
fornecimento de dinheiro, alimentos, sementes e animais para a reprodução. Uma
frustração. A demarcação do lote de cada um era demorada e houve muitos casos
de superposição de área, que conduziram
os proprietários a conflitos e burocracia sem fim.
Poucos
anos após iniciada a emigração, já o governo da Prússia avisava aos colonos que
desejavam partir, que o Brasil não poderia cumprir o que estava prometendo. Era
demais. Apesar de avisados, continuou viva a fé de que no Brasil as coisas não
poderiam ser piores do que eram no momento na Europa. A coragem do desespero
era uma característica daquele povo.
A
constituição do império brasileiro tinha a religião católica como única e
oficial e os padres recebiam subsídios do Estado. A garantia de liberdade
religiosa era um engodo. Não foi cumprida e não poderia tê-la sido prometida.
Apenas após 1861 o governo brasileiro aceitou como válidos os casamentos
contraídos dentro da Igreja Evangélica, já que não havia casamento civil. Até
então os cônjuges eram legalmente considerados concubinos, com evidentes
prejuízos na situação familiar. Os padres católicos casavam sem o menor
problema quem já tinha contraído matrimonio anteriormente pela igreja
evangélica, desde que preenchessem as exigências religiosas católicas em vigor.
Simplesmente eram desconsiderados os casamentos evangélicos anteriores. Somente após a república é que foi feita a separação da Igreja e do Estado. Aos
evangélicos apenas era permitida a construção de igrejas desde que não tivessem
torres. A cidadania brasileira somente foi alcançada muitos anos depois, apesar
das promessas de que seria feita imediatamente após a investidura na
propriedade rural. Em 1838 o ministro farroupilha Domingos José de Almeida decretou
a primeira nacionalização de colonos de São Leopoldo e Três Forquilhas com
objetivo de cativá-los para as hostes revolucionárias. Não o conseguiu. O que
os colonos desejavam era paz e segurança para alcançar o desenvolvimento. O
Império só iniciou as nacionalizações em 1846. Os filhos de colonos nascidos no
Brasil já eram considerados brasileiros de fato e de direito.
Vieram
ao Brasil em busca de paz e prosperidade, e isolados no tempo e no espaço,
buscaram preservar em sua nova pátria, o que chamavam de Heimat. Este Heimat
constituiu-se na continuidade da prática das tradições do espírito germânico de
trabalho, cultura, economia, gosto pela alegria ruidosa e a preservação da
língua como elemento de agregação. A religião e a língua alemã eram valores
relacionados. Mantiveram suas raízes culturais, pois no Brasil foram segregados
geograficamente dos demais habitantes já existentes na província. Entre as
populações da serra, litoral, campanha ou depressão central não havia
comunicações. Trouxeram o costume de
criar e participar de clubes de bolão, ginástica, sociedades de canto, bordado,
teatro e música, assim como associações religiosas, hospitalares, escolares, de
assistência social aos necessitados e
cooperativismo. Merece atenção especial a constituição de sociedades de
atiradores, as famosas Schützen Verein, cujo objetivo principal era exercitar a
fraternidade, treinamento de tiro e cultuar a dignidade pessoal e o
patriotismo. Cada município se esforçava para ter o seu. Eram habituais os concursos de tiro ao alvo,
inclusive praticado por mulheres. A honraria máxima era vencer um torneio e ser
declarado Rei do Tiro até a próxima competição geral no ano seguinte. Era uma
honra presidir ou fazer parte da diretoria de uma dessas sociedades. Ninguém
atrasava uma mensalidade, pois isto seria uma suprema humilhação. Vencer uma competição esportiva dava direito
ao justo orgulho de usar um galardão que o distinguisse dos demais.
A
Alemanha lhes fora madrasta e aportaram ao novo lar decididos a nunca mais
retornar. Ninguém voltou. Ao se decidir
pelo expatriamento voluntário, o emigrante rompeu com seu passado histórico que
passa a ser apenas uma lembrança. Seus usos e costumes foram preservados.
Apenas o presente e o futuro passaram a contar. Decorridos decênios, ficou na
imaginação popular dos seus descendentes, que a Alemanha tinha sido e ainda era
o melhor lugar do mundo. Nostalgia divorciada da crua realidade de então.
No
Rio Grande do Sul lhes foram determinadas as terras a serem cultivadas nas
planícies aluviais dos vales dos rios da depressão central, ainda virgens de
ocupação. Formaram mais uma ilha no arquipélago físico e cultural no RS, onde
encontraram situações ecológicas favoráveis e semelhantes a suas regiões de
origem na Alemanha. Abraçaram a nova
vida e na falta de oportunidade de vivência com os luso-brasileiros não lhes
restou outra alternativa além da continuação da vida que anteriormente tiveram
e, sobretudo, os mesmos costumes.
Pela inexistência de convívio com
os descendentes de portugueses, mantiveram a língua ancestral como meio de
comunicação geral. Os pastores e padres pregavam em alemão, e também nessa
língua estudavam nas escolas comunitárias e liam os jornais que lhes permitiam
receber as informações que os mantivessem atualizados culturalmente. Quase
nenhum emigrante era analfabeto. Mais de noventa por cento dos emigrantes eram
alfabetizados, enquanto que na fronteira sul do estado, na mesma época, os
alfabetizados eram apenas dez por cento da população. Por mais de um século o dialeto alemão falado
no Hunsrück foi a língua preponderante e até hoje ainda se observam regiões
onde os agricultores bilíngues se comunicam em alemão dentro da família.
Facilmente se identifica uma cidade com maioria de população de origem
germânica. Se orgulhavam de ter origem alemã, mas antes de tudo eram
brasileiros. A aculturação, assimilação e integração se efetivaram lentamente.
Praticavam
aberta e acintosamente o preconceito religioso e o racial, e disso faziam alarde.
As diferenças religiosas ampliavam ainda mais a discriminação étnica latente.
Cada um no meio dos seus iguais. Era o uso e costume da época, deplorável
herança cultural que muito lentamente foi sendo contornada. Não encontramos
qualquer indício de miscigenação com o negro nem com o índio, este sempre
esquivo e solerte. Mesmo que alguns aceitassem casar-se com pessoas de outra religião
ou etnia, não o faziam, pois temiam a pressão e o desprezo da comunidade que os
cercava e policiava. Não eram aceitos nem como padrinhos de batizados por terem
se casado com cônjuges de outra religião.
Os
jovens casavam-se muito cedo. Os rapazes a partir dos 20 anos e as moças dos
16. Os filhos vinham sem parar, seguindo as leis da natureza e enquanto a
mulher fosse fértil, algumas até aos 49 anos.
Os que ficavam viúvos tinham a colaboração das famílias para constituir
novo casamento. O amor viria depois.
Havia a premente necessidade de completar o par. Ou o viuvo já com seu
estabelecimento agrícola em plena formação, não podia sobreviver sem a parceria
de uma esposa, ou no caso das viúvas, igualmente já instaladas nas
propriedades, necessitavam de um companheiro, mesmo desprovido de bens, para
assumir a responsabilidade da administração da propriedade e assegurar um
futuro para seus filhos.
A vivência das tradições
germânicas na época da segunda guerra mundial foi perversamente confundida com
nazismo. Bastava falar alemão e já era considerado “quinta coluna” e perigoso espião do Eixo. Muitas perseguições e injustiças
foram praticadas contra ingênuos descendentes dos emigrantes alemães e
italianos, especialmente se dispunham de recursos financeiros ou, se
comerciantes, não vendessem fiado para os integrantes da malta de desordeiros
que se escondiam sob a capa de “patriotas”. Praticavam depredações e humilhações. Em nossa
juventude
testemunhamos
diversas. À noite, após ingerir muita pinga, desfilavam pela cidade aos gritos
de vivas e morras, secundados por um pequeno coro e observados de perto por
curiosos. Entre eles, eu. Chegando a uma casa de um pretenso nazista, faziam
uma parada, as vezes, desafiavam o morador para um duelo e desenhavam uma
enorme suástica com cal na parede da casa. A diversão dos curiosos que acompanhavam
a baderna era adivinhar quem seria o próximo “condenado”. Esvaziada a garrafa,
voltavam para casa. No sábado seguinte, recomeçavam.
O
culto das tradições étnicas deve ser e hoje é incentivado. Minorias como
poloneses, letões, ucranianos, judeus e outros, continuam cultivando as
tradições de suas origens, prestigiadas pela comunidade e pela imprensa. Não
importa a origem do gaúcho, se portuguesa,açoriana, alemã, italiana, levantina,
negra, índia, platina ou outra. Somos um estado multi-étnico. Hoje, com
naturalidade nos encaminhamos lentamente a uma democracia racial. O culto das
tradições é elemento essencial à formação intelectual da população. Quanto nos
orgulhamos de ter CTGs espalhados por todo o mundo, levando e mostrando nossa
dança, música, vestuário, alimentação, e especialmente, aquele “algo” que, pensamos, nos distingue de outros compatriotas.
Tivemos a surpresa da adesão e entusiasmo com o nosso trabalho, dos Lampert
migrados para outros estados. Muito mais do que o orgulho de ser um Lampert,
era a fidelidade às raízes gaúchas que os faziam interessados no contato com o
passado e ampliação do conhecimento dos seus ancestrais. Ser gaúcho é um estado
de espírito. E as Oktober Fest? Revivem
as mesmas festas de séculos atrás ainda hoje também realizadas na Alemanha. E
os Kerb, com suas três noites de baile, foguetórios, visitas recíprocas,
comilanças, rios de chope e vigorosas bandinhas típicas? Nos legaram o consumo
de pão de centeio, a cuca, a schmier, as salsichas, lingüiças, a carne de
porco, o chucrute e os doces de todos os tipos. Ah, e que doces.
Cada
etnia deu e recebeu contribuições de vestuário, alimentação, costumes e
literatura, que nos ensejou ser diferentes dos demais brasileiros e facilmente
identificáveis. Um exemplo significante é o uso do chimarrão, herança do índio
missioneiro, que hoje é sorvido em quase todos os lares dos países de origem
ibérica meridionais. Nos orgulhamos de todas as etnias que caldearam a formação
do gaúcho.
O
RIO GRANDE DO SUL
O RS foi colonizado muito depois dos
demais estados brasileiros. Um século antes da chegada dos alemães, em 1725
começaram os lagunenses a desbravar o deserto verde que ia de Torres até a
Colônia do Sacramento e se mantiveram somente nas áreas próximas ao litoral do
Atlântico. Anos mais tarde, casais
açoritas foram trazidos pelo governo português para povoar as terras da margem
direita do rio Guaiba e da Lagoa dos Patos, para se ocupar dos afazeres da
lavoura a que estavam habituados na vida insular. Começou então a saga que
nunca mais teria fim: os problemas na distribuição das famílias nos lotes
prometidos. A região da campanha não os queria e depois de muitas protelações,
foram assentados em Viamão e parte dali transferidos para Triunfo, Taquarí,
Santo Amaro, Santo Antônio da Patrulha, Rio Pardo e outras regiões. Estes
açorianos imprimiram e mantiveram até hoje as características que distinguem
estas cidades das demais do estado.
Incompetência,
má administração e corrupção nos órgãos públicos responsáveis, marcaram o
início da destinação oficial das propriedades rurais, males que
para sempre se mantiveram presentes e hoje mais do que nunca.
Quase
todas as terras devolutas do estado já estavam invadidas pelos militares que
participaram das lutas platinas e seus familiares, executando por conta própria
o povoamento das terras, incluindo as até então chamadas “campos
neutrales”. O governo acabou por
sancionar como doações de sesmaria as terras que já estavam ocupadas, apenas
legalizando fato consumado, já que o objetivo inicial havia sido alcançado: o povoamento
da região meridional pelos lusitanos, efetivando a posse definitiva da região
para a coroa portuguesa.
Cada
estancieiro era um guerreiro sempre pronto, juntamente com sua família,
empregados e escravos, para ser recrutado gratuitamente pelo governo. Se
apresentavam munidos de armas, os cavalos encilhados para transporte e se
alimentavam de carne do gado abundante na região. Era um exército sem custos,
aguerrido e conhecedor da região. Nas guerrilhas, era imbatível.
A geografia do pampa com suas pastagens
nativas abundantes, quase infinitas e gado alçado vagando, milhões de cabeças,
sem dono pelos campos, depressa inclinou os
povoadores para a pecuária extensiva, permanecendo apenas a agricultura
de subsistência, não atingindo um dos objetivos iniciais do governo, o de
fornecimento de gêneros alimentícios agrícolas para o exército regular e para
os povoadores das cidades que já começavam a despontar,
Graças aos lagunenses e a estes
militares-estancieiros que ocuparam as terras de campo aberto, até então sem
lei nem rei, juntamente com o exército português existente no sul, nossas
fronteiras meridionais foram alargadas e fixadas à ferro e fogo, durante um
século, em lutas quase contínuas com os castelhanos.
Estava
pronto o cenário para o início da grande epopéia da imigração em massa de povos centro-europeus, de línguas e costumes completamente diferentes
dos até então existentes no RS, sob a supervisão governamental. Sua influência
e alcance jamais poderão ser medidos, nem as aventuras, padecimentos e sucessos
dos imigrantes narrados em livros e
mostrados em filmes editados com o vigor realístico que os demonstre, revelando
ao gaúcho atual sua enorme dimensão e influência nos destinos do nosso estado.
Hoje, cerca de quarenta por cento da nossa atual população é conseqüência dessa
resolução de Dom Pedro I e seu filho D. Pedro II. Depois da Independência, D. Pedro I, vendo que as terras
de mato não eram ocupadas pelos estancieiros gaúchos, procurou e achou nova
fonte de povoadores nos habitantes de língua germânica que viviam em condições
difíceis em suas terras européias e recém saídos de anos de conflitos armados.
Não vieram como pedintes ou foragidos, mas atendendo insistente convite do governo brasileiro, que credenciou e contratou
o major Schaeffer, para recrutar os
agricultores a emigrar para o Brasil, encontrar
o sonho de felicidade e terra própria.
Promessas mirabolantes não faltaram.
A
escolha da região para a colonização não encontrou impedimento por parte dos
estancieiros, pois não provocava concorrência na posse da terra nem no ramo de
atividade. Até pelo contrário, a existência de glebas de floresta sem dono,
para colonização, permitiria que os intrusos e posseiros, ilícito já então
existente no meio rural, encontrassem locais para assentamento, reduzindo a
pressão sobre os ruralistas.
A
chegada de imigrantes de origem alemã não provocou discriminação racial contra
os novos povoadores. Não havia sequer contato recíproco. Mais tarde, a
discriminação passou a ser social e econômica. Esta, com o progresso material e
cultural dos imigrantes, o tempo se encarregaria de minorar e extinguir.
O
trabalho braçal na lavoura ou artesanato, dali em diante, perderia o conceito
de vergonhoso, até então existente na mentalidade do povo. Trabalho duro era
para negro escravo.
Durante
50 anos, a partir de 1824, com a interrupção de 10 anos no período da Revolução Farroupilha, milhares de
colonizadores atenderam ao chamamento e vieram participar com seu concurso obstinado no desbravamento da nova terra.
Depois da guerra dos farrapos, também iniciou-se a colonização patrocinada pela
província do RS e igualmente, por agentes particulares, que compravam,
loteavam, vendiam e financiavam as terras para os novos colonos, introduzindo a
prática curiosa de separação dos assentamentos de acordo com a religião dos
compradores. Havia óbvias razões econômicas. Bastava uma única igreja, escola,
cemitério, etc. Era a reforma agrária privatizada. Teve total sucesso e deixava o agricultor
liberto da orientação burocrática do governo. Passado o período desbravador no
vale do rio dos Sinos, toda a colonização das áreas excluídas dos povoamentos
iniciais, foi feita somente pela iniciativa privada durante o século seguinte.
O tempo mostrou que agricultores
subsidiados reduziam-se à economia de sobrevivência quando cessava a ajuda do
governo. Ainda hoje é assim.
Cinquenta
anos após a chegada dos alemães iniciou-se a colonização italiana, que também
durou quase 50 anos. Estes bravos italianos que emigraram pelos mesmos motivos
dos alemães, foram jogados na agreste região serrana sem a menor assistência ou
estradas de acesso. Mesmo assim, sobreviveram e progrediram. Encontramos cópia
de propaganda de convencimento dos italianos para emigrar para o Brasil. Dizia
“Brasile, il paese della cuccagna” (Brasil, o país da fartura). A fartura só
foi encontrada depois de muitos anos de trabalho e sacrifícios. Partiram do acidentado nordeste da Itália,
região do Vêneto e encontraram aqui o mesmo perfil montanhoso de suas terras de
origem. A principal diferença era que no
RS ainda havia terra, mato e passarinho
à vontade. Também trouxeram seus usos e costumes, durante muito tempo
exclusivos seus e somente muito mais tarde, lentamente incorporados aos já
existentes em nosso estado. Na alimentação, nos trouxeram o galeto, a polenta,
o salame, as massas e o consumo de radicci. Tentaram nos trazer o vinho
italiano, mas não tiveram sucesso por terem suas videiras destruídas por pragas
e falta de adaptação ao solo e ao clima. No caso do vinho, foram socorridos
pelos descendentes dos alemães que
cultivavam viníferas ha muitos anos e já tinham suas cantinas
industriais no vale do Caí. A Revista do Vinho, em seu número 4, ano I, de
janeiro e fevereiro de 1988, publicação da UVIBRA, em artigo “História da uva e
do vinho no Rio Grande do Sul”, em artigo de Rinaldo Dal Pizzol, nos conta à
pg. 30, que um dos casais pioneiros imigrantes italianos Tommaso e Maria
Radaelli, conseguiram os primeiros bacelos de videira adaptada ao solo e clima, junto ao imigrante e agricultor Jacob Ruschel, de Linha Feliz, nosso
antepassado pela linha materna. Fato conhecido da nossa família por tradição
oral.
Os
alemães, pelo menos tinham os rios, a estrada que anda, permitindo o transporte
fluvial que os imigrantes já estavam habituados a utilizar nos rios existentes
em sua antiga pátria, para o transporte de pessoas e produção agrícola. Os italianos nem isto.
Os imigrantes depressa aprenderam a não pedir
nem esperar nada do governo. Quanto mais longe das autoridades, melhor. Era a
opinião generalizada. Se o governo não estorvasse, já estava muito bom. Não
mudou muito até hoje. As pendências eram solucionadas com a lógica e a
sabedoria populares da mesma forma como haviam sido resolvidas em suas localidades de origem na
Europa.
Formaram-se
então núcleos isolados de colonização com pessoas de origem, mentalidade e
língua diferentes, que raramente necessitavam comunicar-se entre si. Descendentes de lusitanos, alemães e
italianos mantiveram vivos por muito tempo seus costumes originais e
preconceitos recíprocos, alguns existentes ainda hoje.
A
colonização com imigrantes alemães e italianos, foi a principal responsável
pela acentuada diferença econômica entre a homogênea e operosa metade norte do
RS, de pequenas propriedades rurais e industrial, e a estagnada metade sul,
de latifúndios e sem indústrias, que se
acentua cada vez mais. Os descendentes destes imigrantes não se limitaram ao Rio Grande do Sul. Iniciaram a diáspora
dos gaúchos e estenderam, mais tarde, também o mesmo progresso, colonizando de
forma similar e sem o estorvo do governo, o oeste de Santa Catarina e sudoeste
do Paraná, que são gaúchos em sua mentalidade e condições
sócio-econômicas. Apenas a geografia
física os separa. Individualistas, tinham a coragem e o ânimo dos que sempre
serão vencedores. Não havia lugar para fracassados. Hoje, os encontramos no Mato Grosso, Goiás,
Bahia, Rondônia, Roraima, Amazonas, Brasília e em toda a parte. Conhecemos
quase todos os estados do Brasil e muitas vezes, ao nos identificarem como
gaúchos, pedem que mandemos mais dessa gente para lá, para serem fatores de
desenvolvimento. Localizamos ainda, famílias Lampert, emigradas do RS para a
Argentina, Paraguai, Estados Unidos, Áustria e Suécia.
A
colonização pela pequena propriedade rural gerou riquezas que levaram as
famílias numerosas ter a necessidade de migração para os demais estados da
federação, levando seus descendentes mais ativos e o capital acumulado pelo rendimento
agrícola a adquirir novas glebas de terras, por sua conta e risco, empobrecendo
o RS de pessoas capacitadas e descapitalisando implacavelmente nosso estado,
que perdeu para sempre homens e capitais que nunca mais retornarão. Este
processo, que já dura meio século, ainda hoje e cada vez mais, continua atual.
Seria de esperar que os agricultores excedentes adquirissem e colonizassem as
áreas existentes e disponíveis na região sul do RS, mas preferiram ir para
outros estados, onde se agruparam por interesses econômicos e não mais por
etnias. A democracia racial se efetivou com naturalidade, ainda que lentamente,
mas a discriminação religiosa continua viva até hoje. Não era tão fácil
esquecer e eliminar preconceitos arraigados na cultura e nas famílias tanto
tempo. Possivelmente o fato da região sul ter sido palco de extrema e impiedosa violência duas gerações atrás, na
época da revolução Federalista, inibisse qualquer colono pacato a transferir-se
para aquela região.
Outra
consequência da geração de riquezas na zona rural de policultura e pequenas
propriedades,é a criação de indústrias artesanais, inicialmente caseiras, logo
mais de estabelecimentos médios nas cidades e por fim transformados em parques
industriais que trouxeram riqueza e progresso à partir dos núcleos iniciais de
assentamento dos imigrantes, alemães nos vales dos rios dos Sinos, Taquari,
Caí, Pardo e Jacuí e italianos em cima
da serra, na região de Caxias do Sul. A indústria e seu complemento, o comércio,
logo acompanharam a dispersão das colonizações. Surgiram de humildes
iniciativas industriais os atuais grandes empresários que, graças à sua
dinâmica e capacidade administrativa se distinguiram e continuam impulsionando
a formação de novas riquezas.
Com
a colonização alemã, D. Pedro I tinha como objetivo a ocupação das terras de
floresta ainda incultas e próximas da capital e a região missioneira, esta em
face da proximidade com os platinos, sempre inconformados pela permuta
efetivada entre Portugal e Espanha daquela vasta região pela pequena e sempre
contestada vila da Colônia do Sacramento, no extremo sul do Uruguai, de acordo
com o tratado de Madri em 1750.
A colonização das terras do Alto Uruguai se fez esperar
por mais sessenta anos para que se efetivasse
naturalmente em ondas sucessivas. O isolamento e as distâncias da
capital Porto Alegre, talvez tivessem sido as principais razões da falta de
interesse dos emigrantes em povoá-las. Eram indispensáveis os meios de
comunicação e transporte da produção agrícola e pecuária para as cidades
consumidoras ou destinadas à exportação. Muitos anos se fizeram necessários até
que o governo da república providenciasse
em resolver os problemas de transporte, abrindo o caminho para a
colonização espontânea.
Era
evidente, também, o desejo de “branqueamento” da população.
Igualmente,
tendo em vista que a alforria dos escravos não os fazia tornar parte nos
mecanismos da produção e da economia, pois para o ex-escravo, na época, o supremo objetivo era o ócio. Ele passava a
trabalhar somente tantos dias quantos eram necessários para sua sobrevivência,
sem capacidade de exercitar seu direito na participação da economia do regime
capitalista, onde poderia e deveria ser inserido. Era mais uma razão para trazer imigrantes
que se constituíssem, com o tempo, em uma pequena burguesia rural e artesanal
que se incorporasse ao processo econômico.
Nem em sonhos o português D. Pedro I e sua
esposa austríaca D. Leopoldina poderiam imaginar que o empreendimento de
iniciar a emigração de agricultores centro-europeus para RS atingisse o sucesso
que alcançou. D. Pedro foi feliz na escolha da época, do lugar e das pessoas.
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